Repórter News - reporternews.com.br
Cidades/Geral
Segunda - 11 de Dezembro de 2006 às 09:10

    Imprimir




Genebra, Suíça - O Banco de Compensações Internacionais (BIS, o banco central dos bancos centrais) destaca a confiança dos mercados em relação às economias emergentes. Em seu relatório publicado hoje, a entidade aponta para um aumento da exposição de bancos internacionais à América Latina, para o aumento do apetite de investidores e para a volta das emissões de papeis da região no mercado. O banco, porém, insinua que declarações de governos populistas na América Latina ainda significam riscos para a estabilidade.

Um exemplo seria o caso do Equador e a declaração do presidente eleito, Rafael Correa, de que promoveria um default como na Argentina. O risco país passou a marca dos 600 pontos após a vitória de Correa, no final do mês passado, mostrando a volatilidade dos mercados em relação a propostas dessa natureza.

Salvo no caso de certos governos populistas na América Latina, porém, a situação dos mercados emergentes é tida como confortável e o risco dessas economias teria sofrido uma queda no terceiro trimestre do ano. Nem mesmo a crise política na Hungria e golpe de estado na Tailândia, fatores que levaram a um aumento do risco, tiveram efeitos prolongados.

Para o BIS, a direção da economia americana parece ter tido um maior impacto nos investidores que esses eventos localizados. Depois de rumores de uma possível recessão, a perspectiva de uma desaceleração suave na economia americana em 2007 seria um fator positivo para a situação dos mercados emergentes.

Segundo o BIS, há uma aposta que o crescimento nessas economias continue forte. Um dos indicadores dessa confiança seria o retorno de investidores para fundos de países emergentes. Ainda que o volume seja menor que em 2005, a tendência agora não é mais a de saída de divisas, como ocorreu em julho. Nem mesmo as perdas de cerca de US$ 6 bilhões de fundos com as crises na Hungria e Tailândia em setembro afetaram a confiança os mercados, o que demonstra o apetite dos investidores, segundo o BIS.

Outro teste para a confiança ocorreu no final de novembro, com a variação do dólar. Apesar de a volatilidade ter registrado um aumento entre os mercados emergentes, os níveis de turbulência ficaram bem abaixo do que já foi registrado no passado.

A situação internacional favorável, portanto, permitiu no terceiro trimestre do ano que os países emergentes aproveitassem para fazer novas emissões, o que não ocorria desde abril. No total, US$ 1,1 trilhão foram emitidos entre julho e setembro. Desse total, os países emergentes emitiram US$ 39 bilhões. As emissões líquidas desse grupo de países passo de US$ 800 milhões no segundo trimestre para US$ 21,1 bilhões no terceiro trimestre.

Ásia e a América Latina foram em grande parte responsáveis por esse desempenho. Entre os latino-americanos, depois de registrar um pagamento de US$ 16,8 bilhões no segundo trimestre, o saldo passou a ser positivo.

No mercado da dívida dos países emergentes, as emissões também registraram saldo positivo, depois de um pagamento de US$ 20 bilhões no segundo trimestre do ano. Em termos líquidos, as emissões somaram US$ 2,4 bilhões, com destaque para o Brasil com emissões de US$

1,1 bilhão.

Apesar da volta das emissões entre os emergentes, o BIS destaca que volume ainda foi baixo comparado com 2005. Um dos motivos seria a melhor posição fiscal, o que reduziu necessidade por mais captações e endividamento. Outro fator foi substituição de emissões em dólar por moeda local, principalmente no caso do Brasil e do México.

Segundo o BIS, as emissões privadas foram bem superiores às soberanas e as empresas tiraram vantagem de condições de financiamento favorável. A venda de ações nas bolsas de Hong Kong e de Xangai pelo Industrial e Commercial Bank of China captou US$ 19 bilhões, o maior volume do mundo até hoje e um pico para os emergentes.

Exposição

Outro indicador da confiança do mercado é a maior exposição de bancos aos países emergentes até meados do ano. Isso permitiu que os níveis de empréstimo fossem positivos pelo quinto trimestre consecutivo, algo jamais registrado.

Nos mercados emergentes, o aumento da exposição dos bancos foi de US$ 66 bilhões no segundo trimestre. Na América Latina, o aumento foi de US$ 22 bilhões. O resultado permitiu que a exposição dos bancos estrangeiros chegasse a US$ 2,7 trilhões nos mercados emergentes, 11% da exposição internacionais dessas instituições, estimada em US$ 24 trilhões.

O BIS ainda aponta o Brasil como um dos países onde mais se faz empréstimos por bancos internacionais por meio de suas subsidiárias instaladas no mercado nacional. Os empréstimos teriam somado US$ 100 bilhões no País por meio dessas subsidiárias, de um total de US$ 400 bilhões em toda a América Latina. O Brasil é apenas superado pelo México, com pouco mais de US$ 200 bilhões e pela Coréia, com US$ 160 bilhões.

Segundo os economistas, isso reflete a presença no País de bancos americanos e espanhóis, entre outros. Já os empréstimos de bancos brasileiros no exterior vão principalmente para residentes de Portugal, Estados Unidos e Argentina.

Perspectivas

Para 2007, a expectativa dos economistas do BIS é de que a economia americana irá desacelerar em termos de seu crescimento, mas de uma forma que não causará turbulências. A avaliação considerada como "otimista" ainda aponta para um grau de volatilidade considerado como um dos mais baixos nos últimos anos no mercado de ações.

O BIS aponta que certos indicadores apontavam não apenas para uma queda da economia americana que poderia não apenas gerar uma recessão como também ser prejudicial para os mercados financeiros.

A queda do mercado imobiliário, a menor confiança dos consumidores e a queda do PIB americano no terceiro trimestre teriam alimentado esse rumor de recessão.

Mas a queda do preço internacional do petróleo, o bom desempenho do mercado de ações e o setor corporativo forte deu apoio à economia para evitar uma revisão do PIB que indicasse uma recessão.





Fonte: Agência de Notícias

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/255033/visualizar/