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Nacional
Segunda - 11 de Dezembro de 2006 às 08:55

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Brasília - As mulheres brasileiras vivem mais que os homens, estudam mais e, cada vez mais, disputam o mercado de trabalho com eles. Mas todos esses dados positivos não conseguiram ainda vencer as restrições culturais que as fazem ganhar salários inferiores, tenham pouco acesso a cargos de poder e ainda precisem enfrentar a violência doméstica.

Quanto mais estudo, dinheiro e bom atendimento em saúde tem a mãe, melhor a situação dos filhos. O impacto da situação materna tem reflexo direto na vida dos bebês e é por isso que o relatório Situação Mundial da Infância, preparado pelo Unicef neste ano, se concentra nas mulheres e na chamada igualdade de gênero.

“Nós temos uma cultura machista. Ela é persistente e explica, por exemplo, as diferenças no mercado de trabalho”, afirma a ministra Nilcéa Freire, da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres. “Quanto maior a escolaridade, maior é a diferença salarial entre homens e mulheres. Isso só pode ser explicado por discriminação e preconceito.”

O relatório do Unicef cita o Brasil como um dos poucos países onde as mulheres chegam a ganhar mais do que os homens, na faixa etária até 25 anos. Mas, na realidade, é apenas nessa etapa. Na média, as mulheres ganham 71,2% do salário dos homens em posições iguais, apesar de estudarem mais.

A remuneração menor das mulheres, de acordo com o Unicef, tem reflexo direto na vida das crianças. Estudos feitos em vários países mostram que as mulheres gastam a maior parte de seus salários complementando a alimentação da família. Já para os homens, esse gasto é menos de um terço dos seus rendimentos. Quando as mulheres passam a gastar mais, investem boa parte nos filhos. Quando os homens ganham mais, em média, não há diferença para as crianças.

O cenário político é um exemplo fácil da dificuldade que as mulheres brasileiras têm de assumir espaços de poder no País. Hoje, apenas 9% dos parlamentares eleitos são mulheres, apesar dos partidos serem obrigados a ter pelo menos 30% de mulheres na sua lista de candidatos. Nas últimas eleições foram eleitas apenas três governadoras entre 27 Estados e quatro senadoras entre 81 cadeiras no Senado. “Não é por falta de candidatas qualificadas. Precisamos trabalhar a cidadania das mulheres”, diz Marie-Pierre Poitier, coordenadora do Unicef no Brasil.

Mas, se os problemas culturais são entraves sérios no Brasil, há problemas com as políticas públicas também. Faltam, por exemplo, creches para que mães que precisam trabalhar o dia inteiro possam colocar seus filhos. Hoje, apenas 13% das crianças de 0 a 3 anos estão na educação infantil no Brasil, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2004, os mais recentes.

O atendimento pré-natal é outro ponto em que o Brasil ainda falha, apesar dos dados do Ministério da Saúde apontarem para um atendimento de 97% das mulheres. No entanto, 52% não fazem os seis exames pré-natais apontados como essenciais para os cuidados da mulher. No Norte, esse índice chega a 74% e no Nordeste, a 66,7%. Marie-Pierre alerta que 64% das crianças que morrem no primeiro ano de vida, morrem no primeiro mês. E 52% dessas morrem na primeira semana. “Um bom acompanhamento pré-natal pode diminuir em muito essas mortes”,





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