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Segunda - 04 de Dezembro de 2006 às 08:56

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São Paulo - Pressionadas pelo movimento global de consolidação da siderurgia - cujo maior exemplo é a fusão da Mittal com a Arcelor, que criou um gigante de 110 milhões de toneladas de aço -, as companhias brasileiras resolveram partir para o ataque antes de serem engolidas. E, se for bem-sucedida, a oferta de US$ 8,3 bilhões da CSN pela anglo-holandesa Corus pode mudar definitivamente a face da siderurgia nacional.

O presidente da Arcelor Mittal, Lakshimi Mittal, é quem dá o tom do cenário. Embora detenha cerca de 10% da produção mundial de aço, o executivo diz que ainda é pouco. "Temos de ir bem mais longe", disse, em entrevista ao jornal indiano The Economic Times. Sozinha, a produção da Arcelor Mittal é quatro vezes superior ao volume de aço produzido por todas as siderúrgicas brasileiras.

"Em uma década, não existirá mais uma única siderúrgica que produza menos de 5 milhões de toneladas de aço", afirmou Claudio Pitchon, vice-presidente executivo responsável pelo setor de Mineração e Siderurgia do Banco WestLB. E é nesse contexto que a oferta da CSN se insere.

Hoje o grupo brasileiro é o 48º do ranking mundial da siderurgia. Se comprar a Corus - a empresa anglo-holandesa também tem uma oferta da indiana Tata Steel -, chega a 5ª posição. Um passo ousado para uma empresa que, há pouco tempo, era objeto de rumor persistente de ser alvo de compra. Ironicamente, dois dos principais candidatos a comprar a CSN eram a Corus e a Tata.

A mensagem da consolidação, na verdade, já havia sido captada por uma empresa nacional, a Gerdau, há tempos. À custa de várias aquisições, a empresa ganhou posições e chegou ao 13º posto no ranking mundial da siderurgia, com uma produção de 13,7 milhões de toneladas de aço no ano passado. A empresa tem uma posição sólida na América do Norte e está presente em nove países.

Somente este ano, a Gerdau já gastou US$ 578 milhões em seis aquisições. "De todas as siderúrgicas brasileiras, a Gerdau é a que tem mais o espírito do novo momento da siderurgia", disse um especialista no setor. E André Gerdau Johannpeter, filho de Jorge Gerdau e novo comandante do grupo a partir de 2 de janeiro, avisa que vai manter o plano.

Dos três maiores grupos siderúrgicos brasileiros, o mais tímido em relação ao avanço internacional ainda é a Usiminas. Mas essa aparente falta de agressividade parece ter data para acabar. A Vale do Rio Doce, uma das maiores acionistas e principal crítica da postura da empresa em relação às aquisições, entrou recentemente no bloco de controle do grupo.

A posição da Vale em relação à participação das brasileiras no processo de consolidação da siderurgia é clara. O diretor-executivo da área de Ferrosos da empresa, José Carlos Martins, disse na sexta-feira que as siderúrgicas brasileiras não têm sido capazes de aproveitar as oportunidades de aquisição no exterior. "O Brasil tem sido um ator passivo neste processo, com exceção da Gerdau", avaliou.

Apesar de não ter planos definidos para o exterior, a Usiminas tem seus projetos de crescimento. O principal deles é a construção no Brasil de uma fábrica de placas, com capacidade de produção de 5 milhões de toneladas anuais. A empresa estuda parcerias para o investimento, estimado em US$ 3 bilhões.

O BNDES diz que pode participar do avanço dos grupos brasileiros no exterior. "A siderurgia brasileira é compradora. Cumpridos alguns requisitos, podemos participar da internacionalização", afirmou Wagner Bittencourt, diretor da área de Infra-estrutura e Insumos Básicos do banco.





Fonte: Agência de Notícias

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