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Economia
Sábado - 18 de Novembro de 2006 às 22:19

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A oferta da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) pelo grupo anglo-holandês Corus deixou o mercado financeiro inquieto. A grande dúvida era saber se a siderúrgica teria condições de bancar o pagamento de US$ 8 bilhões sem se endividar demais. A CSN informou ontem (17) que montou um esquema financeiro para realizar a operação sem comprometer o caixa e os ativos da companhia no Brasil, nem elevar muito o endividamento da empresa. Segundo o diretor de relações com investidores da CSN, José Marcos Treiger, os credores da nova linha de financiamento - Goldman Sachs, BNP Paribas e Barclays - terão como garantia apenas o fluxo de caixa do grupo anglo-holandês.

A Corus atua em metalurgia e diversos setores relacionados à indústria do aço. A companhia comandada por Benjamin Steinbruch, conhecido por ser um empresário ousado, garante que não haverá aumento significativo da dívida líquida em relação ao Lajida (capacidade de geração de caixa). "Os níveis de alavancagem são normais. A CSN jamais faria uma operação com uma alavancagem que não fosse conservadora", afirma Trieger.

De acordo com Trieger, os bancos assinaram um compromisso formal de financiar mais de 100% do que a empresa precisa para bancar a operação. Além do dinheiro dos bancos, a CSN pretende usar o fluxo de caixa adicional que pode ser obtido a partir da aquisição da Corus. O caixa da siderúrgica brasileira, que até 30 de setembro deste ano estava em US$ 1,4 bilhão, também deve ser incluído nessa conta.

Na próxima segunda-feira, a CSN iniciará a avaliação das finanças da companhia (a chamada due diligence). O processo deve acabar em duas ou três semanas, segundo Steinbruch, que é o principal acionista e presidente do Conselho da siderúrgica. "Nossa proposta é melhor que a da Tata, com todo respeito que temos pela empresa. A CSN tem muito mais complementaridade com a Corus", afirma. Steinbruch afirmou que manterá o plano de vender de 10% a 20% da mina da Casa de Pedra no mercado de ações. O dinheiro dessa operação possivelmente ajudará a pagar a aquisição da Corus.

Mas o que Steinbruch diz querer de fato com isso é outra coisa: despertar no mercado um reconhecimento pelo valor da mina. "Nós atribuímos um valor perto de US$ 8 bilhões à Casa de Pedra", diz. Segundo ele, a CSN vale hoje US$ 8 bilhões. "É um valor de mercado que se soma ao da CSN." O futuro da mina da Casa de Pedra é considerado por especialistas uma questão-chave para essa operação. No mercado financeiro, as avaliações de preço variam muito, de US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões.

Steinbruch diz que não pretende vender 100% da Casa de Pedra, ao contrário do que já foi especulado. "A Casa de Pedra nos dá uma vantagem comparativa enorme. A mina é estratégica para nós", diz. A alienação de uma parte da mina não deve comprometer o abastecimento, de acordo com Trieger. "Podemos suprir a demanda com folga", diz. "Nosso negócio de mineração será de pelo menos 75 milhões de toneladas de minério de ferro. A CSN e a Corus consomem hoje cerca de 40 milhões de toneladas", completa.

A mudança na direção da siderúrgica americana Wheeling-Pittsburgh, que acabou dando vantagem à proposta da distribuidora de aço Esmark, ainda não eliminou o interesse da CSN pela fusão. "A eleição dos novos diretores, na sexta-feira, favorece a proposta do nosso concorrente. Isso dificulta, sim, a nossa intenção, mas não a inviabiliza", diz Steinbruch. "Nos próximos dias, vamos fazer alguma coisa em relação a isso. Ou não."

A oferta original da CSN pela Wheeling-Pittsburgh previa a criação de uma nova empresa, na qual os acionistas da siderúrgica americana teriam uma participação de 50,5% e a CSN, os 49,5% restantes. A participação da siderúrgica brasileira poderia chegar a 64%.





Fonte: AE

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