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Internacional
Segunda - 30 de Outubro de 2006 às 10:38

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Hutomo Mandala Putra, filho predileto do ex-presidente da Indonésia Suharto, deixou hoje a prisão em que cumpria uma pena de dez anos de reclusão por ter ordenado o assassinato de um juiz.

Graças à legislação penal indonésia, que permite que a pena seja reduzida em caso de bom comportamento, Tommy, como Putra também é conhecido, ganhou liberdade condicional após cumprir dois terços de sua condenação.

Sorridente, o filho de Suharto, de 44 anos, deixou a penitenciária de Cipinang, em Jacarta, por volta de 13h50 (3h50 de Brasília), num carro preto que foi cercado por uma multidão de jornalistas e fotógrafos.

O diretor do Departamento Penitenciário de Jacarta, Gusti Tamardjaja, disse que, em princípio, ele deveria ir para o Tribunal de Distrito de Jacarta Central para resolver questões administrativas.

"De lá, Tommy vai para casa", disse Tamardjaja ao jornal "Koran Tempo".

Tommy, assim como os outros filhos do general Suharto, era considerado uma pessoa "intocável" durante os anos em que seu pai governou a Indonésia com mão de ferro (1966-1998).

Durante as décadas de 80 e 90, Putra acumulou uma grande fortuna.

Além disso, seu conhecido gosto pelas mulheres o fez passar a ser visto como um playboy.

Em novembro de 2001, já sem a proteção do pai como chefe de Estado, Tommy foi detido por mandar matar um juiz do Supremo Tribunal que o havia condenado por crime de corrupção e posse ilegal de armas.

O Tribunal de Distrito de Jacarta Central condenou os dois assaltantes que atiraram no juiz Syaifuddin Kartasasmita à prisão perpétua. A mesma corte declarou o filho mais novo de Suharto culpado por ter ordenado o assassinato.

Seus advogados apelaram e sua sentença foi reduzida para dez anos de prisão. Posteriormente, Tommy teve sua pena diminuída para 31 meses graças a benefícios previstos na legislação.

Durante o tempo em que ficou preso, o filho de Suharto foi levado com freqüência para Jacarta por motivos de saúde. Segundo alguns meios de comunicação do país, em algumas ocasiões ele foi visto em diferentes locais da capital.

A libertação de Tommy é vista em alguns círculos como mais uma demonstração do tratamento privilegiado que a família de Suharto vem recebendo desde que o ditador foi obrigado a renunciar em maio de 1998.

"Nada mudou desde então", disse hoje o ativista e defensor dos direitos humanos Asmara Nababan, para quem a Justiça indonésia fracassou na punição da família do ex-presidente pelos crimes de corrupção.

Suharto encabeça as listas de governantes mais corruptos do mundo. Alguns meios de comunicação indonésios estimam que sua fortuna familiar seja de cerca de US$ 45 bilhões.

O ex-chefe de Estado, de 85 anos, foi acusado em 2000 de apropriação indébita de US$ 600 milhões procedentes de sete fundações beneficentes que presidiu.

O ex-ditador conseguiu evitar os tribunais depois que um relatório médico declarou que não ele tinha condições físicas e psicológicas para enfrentar um julgamento.

O atual presidente da Indonésia, Susilo Bambang Yudhoyono, assumiu o cargo há dois anos com o combate à corrupção como principal bandeira de seu Governo.

No entanto, as tentativas de reabrir os processos contra Suharto fracassaram depois que a Promotoria anunciou em maio deste ano a retirada de todas as acusações contra o ex-governante.

Desde sua renúncia, Suharto vive recolhido numa luxuosa residência no centro de Jacarta, onde esta tarde se reuniu com seu filho predileto.





Fonte: EFE

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