Confissão que justificou invasão do Iraque obtida sob tortura (jornalista)

O testemunho de um membro da Al-Qaeda detido pelos Estados Unidos que serviu para justificar a ligação entre o regime iraquiano de Saddam Hussein e a rede terrorista dirigida por Osama Bin Laden foi obtido através de tortura, afirmou um jornalista à rede BBC.

Iban al Shakh al Libby declarou a agentes de inteligência americanos que era próximo dos chefes da Al-Qaeda Osama Bin Laden e Ayman al Zawahiri e que "sabia muito sobre os mecanismos internos da organização", disse nesta quinta-feira à BBC um ex-agente do FBI, a polícia federal american, Jack Clonan.

Libby foi aparentemente conduzido ao Cairo, disse Clonan, depois de ter sido capturado no Afeganistão durante a ofensiva contra os talibãs após os atentados de 11 de setembro de 2001.

Libby foi torturado numa prisão egípcia, segundo Stephen Grey, autor do livro "Ghost Plane" (Avião Fantasma), que investigou as prisões da CIA no mundo.

O presidente George W. Bush confirmou a existência destes estabelecimentos da CIA durante discurso em 6 de setembro.

"(Libby) afirmou ter sido torturado na prisão, uma prática comum nas prisões egípcias", disse Grey.

"O mais importante que disse é que existia uma conexão entre (...) a Al-Qaeda e o regime iraquiano de Saddam Hussein. Esta informação foi levada ao mais alto nível e utilizada por (o ex-secretário de Estado) Colin Powell como um elemento essencial que justificava (...) a invasão do Iraque", acrescentou em declarações à BBC.

Powell afirmou no Conselho de Segurança da ONU em fevereiro de 2003, semanas antes da invasão do Iraque, que o regime de Saddam Hussein havia fornecido armas à Al-Qaeda, com base em informações proporcionadas por um membro de grande importância da rede terrorista. Segundo Grey, a fonte de Powell era Libby.

Grey explica que, após ser detido no Egito, Libby foi transferido para um estabelecimento secreto da CIA em Bagram, no norte de Cabul, e depois desapareceu.