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Internacional
Domingo - 22 de Outubro de 2006 às 18:35

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A duas semanas das eleições parlamentares, chegou a hora de um acerto de contas nos Estados Unidos sobre a questão iraquiana, depois que um diplomata americano qualificou a atitude de seu país no Iraque de "arrogante" e "estúpida".

"Indubitavelmente, houve arrogância e estupidez da parte dos Estados Unidos no Iraque", afirmou neste sábado Alberto Fernandez, um diretor do Escritório das Relações com o Oriente Médio do departamento de Estado americano, falando à rede de TV Al-Jazeera.

Segundo ele, vários erros foram cometidos por seu país no Iraque e os Estados Unidos deveriam "ser mais humildes". O porta-voz do departamento de Estado, Sean McCormack, minimizou as declarações afirmando que elas não haviam sido relatadas de maneira precisa.

Essas declarações ocorrem num contexto de críticas crescentes aos Estados Unidos, vindas tanto da oposição democrata quanto da maioria republicana, sobre a atual estratégia americana no Iraque.

"Esta administração não tem estratégia. Sua estratégia é manter a ocupação", denunciou no domingo o ex-candidato democrata à presidencial de 2004, John Kerry, ao canal de TV ABC.

"A administração Bush se recusa a mudar de estratégia nos últimos dois anos, quando é evidente que a violência no Iraque aumentou de maneira regular", denunciou o senador democrata Carl Levin ao canal Fox News. "Não podemos esperar o fim do ano para fixar um calendário. Temos de fazer isso agora", acrescentou.

Segundo o New York Times de domingo, o Pentágono trabalha com um calendário que fixa compromissos para o governo iraquiano, sobretudo o desarmamento das milícias. O documento deve ser apresentado ao primeiro-ministro iraquiano Nouri al-Maliki até o fim do ano.

O presidente George W. Bush consultou no sábado seus generais sobre a resposta a dar à deterioração da situação no Iraque, onde quase 80 soldados americanos morreram em outubro, um dos piores balanços desde a intervenção americano-britânica em março de 2003.

A Casa Branca minimizou o caráter extraordinário deste conselho de guerra, sublinhando que ele fazia parte do processo de "consultas regulares". Apesar das pressões, Bush excluiu uma mudança fundamental de estratégia, preferindo falar de ajustes táticos.

A imprensa e os políticos de Washington especulam sobre as conclusões da comissão sobre o Iraque presidida pelo ex-secretário de Estado republicano James Baker, um político cuja opinião será difícil de ser ignorada.

Esta comissão especial, criada em março pelo Congresso com o apoio de Bush, analisa a necessidade de uma mudança de estratégia. Entre as opções estudadas, estão uma retirada por etapas do contingente americano e a abertura de canais diplomáticos com o Irã e a Síria.

Essas duas opções representariam uma profunda mudança em relação à política atual do presidente Bush, que insiste na manutenção das tropas americanas no Iraque enquanto este país não for capaz de se defender por si mesmo e se recusar a discutir diretamente com Damasco e Teerã.

Com a proximidade das eleições legislativas, que se anunciam perigosas para a maioria republicana de Bush, uma pesquisa publicada no sábado pela revista Newsweek indica que quase dois terços dos americanos (65%) pensam que os Estados Unidos estão prestes a perder espaço no Iraque. A pesquisa sublinha que este é o tema mais importante para os eleitores, seguido por economia, saúde e terrorismo.





Fonte: AFP

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