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Internacional
Domingo - 22 de Outubro de 2006 às 18:08

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O Irã assegurou neste domingo que tomará as "medidas adequadas" em resposta a qualquer tipo de sanção imposta pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas por causa de seu programa de enriquecimento de urânio.

"A imposição de sanções terá repercussões para as duas partes, no plano regional e internacional. As grandes potências sabem disto. Se nos impuserem sanções, tomaremos as medidas adequadas", indicou à imprensa Mohammad Ali Hosseini, porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores.

Seus comentários ocorrem no momento em que as potências mundiais tentam chegar a um acordo sobre as sanções que aplicarão ao Irã, depois de o Conselho de Segurança ter chegado rapidamente a um consenso para castigar a Coréia do Norte por seu teste nuclear.

Consultado sobre se estas "repercussões regionais" teriam algum efeito sobre o estreito de Hormuz, um canal sumamente importante para o transporte de petróleo, Hosseini respondeu: "Depende do tipo de sanções".

Os agentes do mercado petrolífero expressaram no passado seu temor de que o Irã bloqueie o estreito em represália a eventuais sanções, o que provocaria uma alta dos preços do petróleo. Mas os líderes iranianos já indicaram várias vezes que não utilizarão o petróleo como arma.

Hosseini não deu mais detalhes e se negou a indicar as medidas que poderiam ser adotadas pelo Irã se a ONU aplicasse sanções. Uma delas poderia ser o fim da inspeção de suas usinas nucleares pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), subordinada à ONU.

"Faremos o anúncio depois que aprovarmos as medidas", indicou.

O Parlamento iraniano considera um projeto de lei - já aprovado pela Comissão de Segurança - que suspenderia de forma automática as inspeções da AIEA no caso de sanções.

O porta-voz da chancelaria admitiu que o Irã seria sancionado por se recusar a suspender o enriquecimento de urânio: "O caminho que estão seguindo é o do Conselho de Segurança, aprovando resoluções e impondo sanções".

Hosseini insistiu que o Irã ainda quer negociar. "Existe outro caminho, o caminho da negociação e do entendimento. Este é o caminho que escolhemos", sustentou.

No entanto, ele reafirmou a recusa inequívoca do Irã a suspender seu enriquecimento de urânio antes de iniciar negociações sobre seu programa nuclear.

"A suspensão do enriquecimento de urânio não tem lugar em nossa política", afirmou.

"Se as condições das negociações forem justas, este tema será discutido", acrescentou. "Se a suspensão for o resultado da negociação ... Mas (deixar de enriquecer urânio) como uma condição prévia ou durante a negociação, não", sentenciou.

O Irã insiste que seu programa nuclear está destinado unicamente a gerar energia e rejeita veementemente as acusações americanas de que tenta fabricar armas atômicas.

Depois de semanas de negociações entre o Irã e a União Européia, chegou-se recentemente a uma paralisação do enriquecimento de urânio, e ambas as partes rejeitaram ceder em questões chaves. A UE buscava uma suspensão incondicional do enriquecimento de urânio antes do início das negociações.

Hosseini atribuiu o colapso das negociações a "alguns países ou a um país que busca aventuras", em alusão aos Estados Unidos, o arquirival de Teerã, e a seus aliados.

A Alemanha e dois dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, Reino Unido e França, preparam um projeto de resolução sobre o Irã, mas vários diplomatas advertiram que um acordo pode demorar.

A Rússia e a China - outros dois membros permanentes do Conselho que têm importantes laços com o Irã e são tradicionalmente contrários a utilizar sanções como arma diplomática - provavelmente vão se opor a aplicar severas sanções contra Teerã.

As primeiras medidas punitivas contra o Irã seriam a proibição do fornecimento de material e o financiamento para seu programa nuclear e de mísseis. Outras medidas poderiam ser o congelamento dos ativos do país no exterior e a proibição de que cientistas nucleares iranianos viagem ao exterior.





Fonte: AFP

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