Heloísa Helena quer ser a primeira mulher presidente
A poucos dias das eleições, a principal incógnita é se a Presidência será decidida no primeiro turno ou irá para o segundo, especialmente após o novo escândalo político que atingiu a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Esse escândalo de última hora deu armas à oposição e a Heloísa Helena, que, com 9% das intenções de voto nas pesquisas, acredita que será a adversária de Lula no segundo turno.
Nascida no município de Pão de Açúcar, em Alagoas, Heloísa Helena é conhecida pela origem humilde, convicções fortes, críticas implacáveis e lábia tão abundante como severa com os adversários.
Heloísa Helena começou sua carreira política em movimentos estudantis, sindicalistas e docentes, e filiou-se ao PT em 1985.
Formada em enfermagem, ocupou pela primeira vez um cargo político eleito em 1992, como vice-prefeita de Maceió, e depois vieram os postos de deputada estadual (1994) e senadora (1988).
Devido a seu desacordo com a aliança eleitoral feita pelo PT com o PL, Heloísa Helena desistiu da candidatura ao Governo de Alagoas, em 2002.
Essa foi uma das muitas divergências que levariam, um ano depois, à expulsão dela do PT, após votar várias vezes contra o Governo no Senado, e à criação do P-SOL.
A intransigência de Heloísa Helena com a corrupção, sua personalidade guerreira e a defesa da honestidade favoreceram o apoio de setores da população decepcionados com a gestão do Governo.
Com intenções de voto que chegaram a 13%, a candidatura de Heloísa Helena perdeu um pouco de fôlego, mas a senadora, que durante semanas foi o principal foco de interesse na campanha, continua brigando por votos.
Com pouco mais de 20 mil filiados, o P-SOL tem recursos insignificantes se comparado a outros partidos, o que obrigou a candidata a desenvolver uma campanha modesta, com muito corpo-a-corpo, mas de impacto limitado.
O espaço eleitoral no rádio e na televisão é também muito menor que o do PT ou do PSDB. Segundo a legislação, um terço do tempo é dividido igualmente entre todos os candidatos e os outros dois terços são proporcionais ao número de representantes na Câmara (total dos partidos no caso de coligação).
As posições marxistas de Heloísa Helena também geram temor ou, no mínimo, desconfiança, tanto em círculos políticos como empresariais que, no entanto, mantêm a calma devido à improbabilidade de vitória da candidata.
Entre as medidas defendidas pela candidata, está um corte das taxas de juros nominais para 6,8% e dos reais para 3,2%, a criação de impostos sobre alta renda e a desapropriação de terras improdutivas.
Heloísa Helena critica o programa "Bolsa Família", por considerá-lo assistencial e não resolver o problema de fundo nem criar verdadeiras oportunidades para os mais pobres.
Um dos méritos da senadora pode não ser tanto suas propostas, mas ter sacudido o debate eleitoral com sua preocupação sobre temas como segurança e corrupção.
O apoio do eleitorado não é só daqueles que aderem a suas idéias, mas, principalmente, dos que vêem na candidata a oportunidade de expressar sua insatisfação.
Heloísa Helena foi a primeira mulher a disputar a Presidência até 20 de setembro, quando as autoridades eleitorais aceitaram a candidatura de Ana Maria Rangel (PRP), que fora cancelada por seu próprio partido e chega à corrida eleitoral com apoio inferior a 1%.
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