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Politica Brasil
Quarta - 27 de Setembro de 2006 às 07:51

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O diário ABC, da Espanha, traz em sua edição desta quarta-feira uma reportagem na qual afirma que "Lula está disposto a tudo para se salvar e conseguir a reeleição neste domingo". Para isso, segundo o jornal, o presidente "ligou o ventilador".

"Os primeiros a receber os ares fétidos do que batizou como 'dossiêgate' (...) são os mesmos que até há algumas semanas formavam seu círculo íntimo: o presidente do PT e ex-chefe de campanha, Ricardo Berzoini, os assessores presidenciais Freud Godoy e Osvaldo Vargas assim como, entre outros, seu amigo íntimo Jorge Lorenzzetti", diz o texto.

Carregando nas tintas fortes, a enviada Carmen de Carlos descreve o que chama de "efeito teflon" do presidente Lula. "Como uma frigideira nova, segundo as pesquisas, não lhe gruda suficientemente a comida (podre) do 'dossiêgate'", escreve a repórter. "Lula perdoa a si mesmo e condena os seus."

Campanha triste A quatro dias das eleições, a avenida Paulista, em São Paulo, apresenta um aspecto quase igual ao de meses anteriores, e "nada faz lembrar que o Brasil está envolvido na reta final da campanha", relata a reportagem publicada nesta quarta-feira pelo jornal espanhol El País.

Sob o título "O Brasil vive sua campanha mais triste", o texto aborda as restritivas leis de propaganda eleitoral, que proíbem as atuações musicais em showmícios e restringe a fabricação de brindes políticos. "Ao descobrir em 2005 que o seu próprio partido era uma máquina coberta de financiamento ilegal, Lula impulsionou uma lei eleitoral muito restritiva (¿), que na prática supôs que, em um País caracterizado pelo colorido e pelo festejo permanente, seu processo eleitoral se viva praticamente só nos meios de comunicação".

O jornal menciona uma suposta estratégia de Lula para desviar a linha da campanha eleitoral do tema da corrupção, através da troca de farpas entre o presidente e o ex-ocupante do posto, Fernando Henrique Cardoso. Outro "ás na manga", para o jornal, foi o encontro entre Lula e o presidente da Fifa, Joseph Blatter, para falar sobre a candidatura do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2012, um tópico capaz de "fazer todos os brasileiros entrarem em acordo".

Munição pesada O argentino La Nación traz o relato de uma entrevista do candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, a correspondentes estrangeiros, no Rio de Janeiro. A poucos dias das eleições, o tucano resolveu "utilizar munição mais pesada", e criticar "com adjetivos fortes" o governo do atual ocupante do Palácio do Planalto, afirma o diário.

A conversa girou em torno de política internacional e das denúncias de corrupção, segundo a publicação argentina. Alckmin criticou a postura brasileira durante a nacionalização dos hidrocarbonetos na Bolívia, uma suposta falta de avanço nas negociações comerciais internacionais, e deu a entender que prefere um Mercosul com status de área de livre comércio, menos ambicioso que a atual união aduaneira.

O paulista disse que "o governo de Lula é um governo autoritário, porque todo governo corrupto é autoritário". Palavras que passam "quase despercebidas" pela fala "pausada, tranqüila e monótona" do candidato, nos termos do diário argentino. "Alckmin usou o estilo que lhe fez conhecido: ofereceu respostas sensatas, mas estudadas e sem entusiasmo, algo que lhe valeu o apelido de ¿picolé de chuchu¿, um legume com gosto de nada".

Tensão calçadista O diário financeiro Financial Times ecoa as críticas do setor calçadista à política cambial do governo Lula, e diz que, se as eleições fossem realizadas apenas na cidade de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul, o presidente "estaria fora do cargo em breve". No pólo calçadista no sul do País, abundam críticas contra o alto valor da moeda nacional em relação ao dólar, que tirou competitividade das exportações brasileiras.

"O real avançou 60% frente ao dólar desde que o presidente Lula assumiu o poder, em janeiro 2002", explica o FT. "Isto tornou os produtos brasileiros vulneráveis a importações baratas, especialmente de produtores emergentes a baixo custo, como a China".

O jornal diz que a conjuntura é "frustrante" e "potencialmente devastadora" para a indústria. "Os fabricantes de calçado brasileiros estão entre os mais avançados do mundo. As companhias investiram pesado na modernização nas últimas décadas, e muitos realocaram parte de sua produção para a região nordeste, mais pobre e menos custoso, para economizar em custos".

Outros problemas são a carga tributária, infra-estrutura precária, burocracia e alto custo de capital, problemas que só seriam resolvidos através de "medidas politicamente difíceis".





Fonte: Terra

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