Oliver Stone se exime de enfrentar história em ''Torres Gêmeas''

O assunto de Oliver Stone em "As Torres Gêmeas" não é, por incrível que pareça, o 11 de Setembro. Mas sim, outra vez, a busca do "herói comum americano".

Agora, entretanto, ele não é um soldado ou um veterano da Guerra do Vietnã nem um homem que, sozinho, decide investigar a morte de Kennedy.

Esse personagem "mítico" encarna na pele de um policial durão (Nicholas Cage) que se descobre humano quando vai parar sob os escombros do World Trade Center, na tentativa de resgatar vítimas do atentado.

Se você já leu algum comentário sobre esse filme, ele provavelmente deve ter sido negativo. Pouca gente aprovou o tom sentimentalóide. E, para os que vêem na questão política envolvida nos acontecimentos daquele dia seu aspecto mais importante --ou seja, quase todo o planeta--, "As Torres Gêmeas" é, então, um flop total.

Afinal, nada, absolutamente nada é dito ou insinuado sobre terrorismo, Bin Laden, anti-imperialismo etc. Propositadamente, Stone isolou o drama das equipes de resgate de todo o contexto da tragédia.

Se como registro histórico o filme é um zero à esquerda, como cinema ele também não é nada memorável. Acompanhamos duas "frentes". Numa delas, os oficiais John McLaughlin e Will Jimeno passam praticamente todo o filme sob os escombros da segunda torre do WTC. Para esquecer as dores e resistir, conversam sobre coisas caras a cada um deles -os filhos, a mulher, a lealdade para com colegas de trabalho, as tarefas domésticas. Do outro lado, as respectivas famílias, ansiosas por notícias dos dois. Isso por longos 129 minutos.

Se "Vôo United 93", de Paul Greengrass, foi acusado de trazer de forma documental uma versão controversa da história, "As Torres Gêmeas", por sua vez, se eximiu completamente de enfrentá-la. Ou seja, não é nada mais que um filme covarde e desimportante.

AS TORRES GÊMEAS Direção: Oliver Stone Produção: EUA, 2006 Com: Nicolas Cage e Maria Bello Quando: estréia sexta em circuito