Judeus alertam para aumento de neonazismo em áreas da Alemanha
O Partido Nacional Democrata, que já chegou a ser comparado aos nazistas, conquistou cadeiras numa eleição regional no Estado de Mecklenburg-Vorpommern, no leste do país, no domingo, renovando os apelos por sua proibição.
O Conselho Central de Judeus na Alemanha apóia esses apelos. Mas seus secretário-geral, Stephan Kramer, afirma que só a proibição do partido não será suficiente para acabar com o sentimento antiestrangeiro presente em certas regiões do país, onde grupos paramilitares, ou "Kameradschaften", têm muita influência.
"Os neonazistas dominaram as raízes há muito tempo", disse Kramer a repórteres numa entrevista coletiva junto com outros ativistas antinazismo.
"Eles têm sucesso em vilarejos onde não há mais emprego, não há mais comércio, nem clubes sociais. Os cidadãos normais estão aceitando cada vez mais, e até entendendo, a atuação deles".
Embora alguns integrantes da coalizão de centro-esquerda da chanceler Angela Merkel tenham defendido uma nova tentativa de proibição do partido, o ministro do Interior, Wolfgang Schaeuble, disse ser contra a medida.
Segundo Kramer, os políticos estão demorando para se dar conta das mudanças na operação do NPD nos últimos anos. Ele também ressaltou o fato de que a influência dos grupos neonazistas não se limita ao leste do país.
"Ninguém pode mais ignorar esse problema", disse Kramer. "Não é só um problema da Alemanha oriental. Temos de parar de pôr a culpa no leste e perceber que se trata de uma questão pan-germânica", disse ele.
Trabalhando bem próximo aos grupos paramilitares, o NPD conquistou 7 por cento dos votos em Mecklenburg-Vorpommern no domingo. Nas eleições de dois anos antes, o partido mal havia marcado presença, lembrou o ativista antinazismo Guenther Hoffmann.
Kramer pediu ao governo que aumente o financiamento de campanhas antinazismo de base e para que elas sejam ampliadas para outras partes do país além do leste ex-comunista.
O mais perto que o NPD chegou de entrar no Parlamento nacional alemão foi nos anos 1960, quando a Alemanha ainda estava dividida.
As tentativas recentes de extremistas de comprar propriedades no oeste do país mostram que a ultradireita está reforçando sua presença física nessa região.
"Há até iniciativas, em algumas comunidades, em que radicais de ultradireita estão fazendo campanha por asfaltamento ou pela proteção da vida selvagem para conquistar votos, inserindo suas opiniões políticas pelos fundos", disse Kramer.
Com os votos de domingo, os partidos de ultradireita estão presentes em três das seis Assembléias Estaduais da Alemanha oriental. Os partidos não têm influência sobre a política nacional e são relativamente pequenos se comparados a movimentos semelhantes na França e na Holanda.
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