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Economia
Quarta - 20 de Setembro de 2006 às 02:25
Por: Mariana Peres Pacheco

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No dia em que a usina termelétrica de Cuiabá retomou a geração de energia elétrica, após três semanas em que esteve paralisada por falta de matéria-prima – o gás natural – o governo boliviano voltou a suspender o fornecimento à planta. Por volta das 6 horas de ontem, o despacho de gás foi interrompido sem aviso prévio e sem qualquer previsão de retomada do suprimento.

De acordo com a diretoria da Empresa Produtora de Energia LTDA (EPE) – responsável pela usina Cuiabá I -, o estoque de gás nos dutos é suficiente para geração por mais 24 horas, ou seja, para todo o dia de hoje. “Se não for restabelecida a média de 600 mil metros cúbicos diários (m³) que vinham sendo enviados desde a sexta-feira passada, a usina volta a parar amanhã”, avisa o responsável por assuntos regulatórios da EPE, Fábio Garcia.

A prorrogação da geração só se mantém durante o dia de hoje porque a usina está operando na capacidade mínima de 135 MegaWatts (MW), de uma capacidade instalada de 520 MW. “Até mesmo para manter a geração mínima precisamos que os estoques nos dutos sejam repostos com a retomada dos despachos ao Estado”, exclama Garcia.

O executivo reforça mais uma vez o cenário de insegurança no qual o Estado e EPE, principalmente, estão inseridos. “Anteontem, quando anunciamos a retomada da operação, deixamos bem claro que não era possível prever por quanto tempo seria possível trabalhar, justamente pelo fornecimento precário do insumo que estamos registrando desde abril. O problema com os bolivianos - ou seja, o cumprimento de um contrato firme para o fornecimento de 2,2 milhões m³/dia à usina - não está resolvido e trabalhamos com incertezas. Não há garantias de um fornecimento contínuo para Mato Grosso. Existem apenas incertezas, como essa, operamos ontem e hoje e amanhã não sabemos”, explica.

Ele lembra que a retomada da operação ontem foi possível porque os despachos de gás, por parte da Bolívia em quatro dias seguidos, recuperaram a pressurização do gasoduto. “Porém, qualquer interrupção ou redução nos volumes paralisa a geração, afinal, estamos em capacidade mínima”.

HISTÓRICO – No dia 23 de agosto a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) - a estatal boliviana de petróleo - confirmou que houve decisão política para suspender o fornecimento de gás natural ao Estado. Até a última sexta-feira, a usina estava desde o 26 de agosto sem receber o gás natural. Naquela semana, a última carga remetida, no dia 25, tinha o volume 10% inferior ao que está contratado pela EPE com uma empresa daquele país. Por falta de estoques nos dutos, a usina paralisou as atividades no dia 30 do mês passado.

A EPE destaca que mesmo operando com o gás natural, a planta continua operacionalmente preparada para reverter a matriz energética e gerar energia por meio do óleo diesel. Mas esta inversão depende de questões comerciais e regulatórias que seguem ainda sem uma definição. A geração a diesel é dez vezes mais cara, se comparada aos custos do gás natural.




Fonte: Diário de Cuiabá

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