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Agronegócios
Terça - 12 de Setembro de 2006 às 11:08

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Variedades de algodão geneticamente modificadas continuam ganhando terreno nas principais áreas de cultivo no mundo e deverão representar metade da produção internacional até 2008, afirmou o diretor-executivo da principal entidade mundial do setor.

O Brasil, quinto maior produtor, deverá colaborar para a tendência a partir da próxima safra (2006/07), quando produtores poderão cultivar variedades transgênicas pela primeira vez. Mas o país está bastante defasado em relação às tecnologias já em uso em outras regiões de produção.

"A proporção de transgênicos no total da produção está crescendo rapidamente. Hoje já corresponde a 40 por cento do total e chegará a 50 por cento em 2007 ou 2008", disse à Reuters o diretor-executivo do ICAC (International Cotton Advisory Committee), Terry Townsend.

O dirigente veio a Goiânia para a 65a reunião anual da entidade, que acontece no Brasil pela primeira vez, e falou à Reuters durante um intervalo dos trabalhos.

"O Brasil está atrasado de 12 a 15 anos com relação à adoção deste tipo de tecnologia (transgênicos). Mas assim que puder utilizar, deve recuperar o tempo perdido em pouco tempo, talvez uns cinco anos", afirmou.

Townsend disse que o ICAC se posiciona a favor dos transgênicos, considerados seguros pela indústria.

Segundo ele, a adoção possibilitou redução de custo, estabilidade da produtividade e redução do uso de químicos para o controle de insetos.

O ICAC estima que a produção mundial de algodão (fibra) deve alcançar 24,7 milhões de toneladas em 2006/07, praticamente estável em relação à safra anterior.

Já o consumo deve crescer de 24,8 para 25,7 milhões de toneladas, reduzindo estoques e melhorando os preços internacionais.

A produção no Brasil caiu 20 por cento na safra atual, para 1,02 milhão de toneladas (pluma), devido aos problemas financeiros dos produtores e ao tempo desfavorável em Mato Grosso, o maior produtor.

PESSIMISTA COM OMC

Townsend comentou o colapso das negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e, ao contrário da posição otimista que alguns países adotaram no fim de semana, após reunião no Rio de Janeiro, sobre a retomada das negociações, ele mostrou-se bastante negativo.

"As chances de sucesso na Rodada de Doha são mínimas. Agricultores nos Estados Unidos, União Européia, Japão e Coréia do Sul não estão com vontade de abrir mão de seu estilo de vida", afirmou.

Segundo ele, nem mesmo os produtores de algodão brasileiros, que venceram o caso contra os subsídios norte-americanos ao produto, devem ficar muito animados.

"Os EUA já começaram a eliminar os subsídios condenados e deverão eliminar os restantes. Mas eles possuem outros meios de auxiliar o produtor e vão continuar subsidiando o algodão."

O Brasil está buscando instalar um novo painel na OMC para verificar se os EUA cumpriram determinações da entidade. O primeiro pedido, feito no início do mês, foi bloqueado, mas a instalação deve ser automática no segundo pedido.





Fonte: Reuters

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