Rússia lembra tragédia que matou 333 pessoas em escola de Beslan
Desde o início da manhã, centenas de pessoas foram com flores à Escola 1 de Beslan, onde, no dia 1º de setembro de 2004, mais de mil pessoas, entre professores, estudantes e pais de alunos, foram seqüestradas por mais de 30 guerrilheiros chechenos.
No ginásio da escola, onde ocorreu a maioria das mortes, sobreviventes e familiares das vítimas acenderam velas diante de fotos dos mortos.
No próximo domingo, às 13h05 (6h05 de Brasília), toda a Ossétia do Norte fará um minuto de silêncio em memória daqueles que perderam a vida na tragédia.
A essa hora, no dia 3 de setembro de 2004, duas explosões no ginásio deram início a um tiroteio entre o comando terrorista checheno, que mantinha mais de 1.100 pessoas na escola como reféns, e as forças de segurança russas que, então, decidiram invadir a escola.
Como no ano passado, 333 balões de gás brancos serão lançados em homenagem às vítimas, a última das quais morreu em um hospital no ano passado.
Hoje, o cemitério de Beslan foi cenário de homenagens e ofícios religiosos ortodoxos e muçulmanos. Além disso, no local foi inaugurado um monumento aos oficiais dos destacamentos antiterroristas que morreram na operação.
Ainda no marco das homenagens, a Orquestra Filarmônica de Voronezh realizará amanhã um concerto na Casa de Cultura de Beslan, onde, no domingo, importantes artistas russos participarão de um concerto-réquiem.
Artigos de opinião e editoriais da imprensa russa destacam nesta sexta-feira a morte, neste ano, do líder guerrilheiro checheno Shamil Basayev, organizador do seqüestro na escola.
Com a morte do organizador e com apenas um terrorista sobrevivente na prisão, a Rússia parece não ter conseguido dar um fim satisfatório ao caso.
A Procuradoria Geral da Rússia informou hoje que prolongará até janeiro de 2007 a investigação sobre o seqüestro e sobre os fatos ocorridos durante a operação de resgate, que ainda não foram esclarecidos ou publicados oficialmente.
A maioria das vítimas morreu sob os escombros do edifício e no tiroteio entre os terroristas e as forças de segurança. Por sua vez, sobreviventes e testemunhas acusam os militares de terem empregado carros de combate, lança-granadas e lança-chamas na tentativa de resgate.
O grupo Mães de Beslan, integrado por sobreviventes e parentes das vítimas, exige uma investigação exaustiva que determine se houve erro ou não na atuação das autoridades e das forças de segurança.
Nenhuma das três comissões criadas para investigar os fatos conseguiu esclarecer as circunstâncias do seqüestro ou determinar a responsabilidade das autoridades - pelo seqüestro - e das forças de segurança - pela caótica operação de resgate.
Alguns parentes das vítimas argumentam que as autoridades escondem a verdade para ocultar seus erros. O objetivo delas não teria sido salvar os reféns, mas, sim, matar os terroristas.
Segundo a versão oficial, 1.120 pessoas foram mantidas como reféns entre os dias 1 e 3 de setembro de 2004. Durante a operação, 918 delas foram resgatadas com vida.
Até hoje, 333 pessoas morreram, duas delas em hospitais.
De acordo com outras fontes, no local da tragédia, 317 reféns perderam a vida, entre eles 186 estudantes, 10 oficiais do serviço secreto, dois funcionários do Ministério de Emergência e um morador de Beslan.
Na chacina, 31 terroristas morreram, e o único guerrilheiro capturado, Nurpasha Kulayev - para quem a Promotoria tinha pedido a pena de morte -, foi condenado em maio à prisão perpétua.
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