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Sexta - 01 de Setembro de 2006 às 08:55

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O Brasil se encantou com a estréia da pequena Joana Mocarzel em Páginas da Vida. Com apenas 6 anos, a menina dá vida a Clara, filha de Nanda (Fernanda Vasconcellos) rejeitada pela avó por ter síndrome de down.

Na trama, ela foi adotada pela médica Helena (Regina Duarte) e logo será a criança mais disputada da novela. Enquanto muita gente se chocou com a atitude da avó fictícia, Marta (Lilia Cabral), a mãe de Joana na vida real comemora a iniciativa de Manoel Carlos de abordar o assunto em horário nobre.

"O preconceito existe. A novela tem alcance enorme e está despertando um olhar diferente nas pessoas. Se antes fingiam não ver a Joana na rua, talvez por ficarem sem graça, agora a chamam de Clarinha, brincam. Virou algo mais concreto", diz Letícia Santos, mãe de Joana. "É preciso mudar o olhar piedoso para o olhar generoso", diz ela, que é casada com o cineasta Evaldo Mocarzel, autor do filme Do Luto à Luta, sobre a síndrome.

A estréia de Joana como atriz se deve em parte a Helena Werneck, mãe da atriz Paula Werneck, 18 anos, também portadora da síndrome de down, que já fez participações em programas de TV e estrelou a campanha Ser Diferente é Normal. "Letícia ficou com receio quando Joana foi chamada para o papel por morar em São Paulo. Mas dei muita força, vai ser bom para ela. E Joana está tirando de letra", diz Helena, diretora do projeto Ser Diferente é Normal. "O assunto está sendo desmitificado. Quando a TV expõe isso, gera discussão e cada um reflete sobre o que realmente pensa", acredita. Segundo ela, a filha se apegou à história. "Paulinha diz que a novela é dela", ri.

Mas não é só na TV que jovens com síndrome de down ganham destaque, afastando assim os preconceitos. Maria Cristina de Orleans e Bragança, 16 anos, filha de Dom João e Stella de Orleans e Bragança, acaba de lançar o livro Carta de Amor na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Este mês, lança o livro no Rio e em São Paulo. "Meu sonho sempre foi que minha filha aprendesse a ler e a escrever, e ela lançou um livro", orgulha-se Stella.

No esporte, Breno Viola, 25 anos, é o único faixa-preta de judô com Síndrome de Down nas Américas e representa o Brasil em campeonatos. "Breno sempre nos surpreende com sua vontade para alcancar seus objetivos. Jamais imaginamos que ele chegaria tão longe nos estudos, que transformaria seu físico com obstinados exercícios diários", diz Suely Viola, mãe dele.

Inclusão também na escola Manoel Carlos também quer abordar a inclusão nas escolas. Cláudia Werneck, presidente da Escola de Gente, que presta consultoria ao autor, alerta: "A sociedade não tem que se emocionar com o que está vendo por achar apenas bonitinho."

Uma das suas preocupações é que pais se acomodem com atitudes preconceituosas sutis. "Alguns pais dizem que as pessoas já olham e sorriem para seus filhos na rua. Isso teria que ser normal. Noto que o Maneco quer trazer essa discussão para âmbito público com relação à família e discutir temas de educação inclusiva."

Helena diz que Paula estuda em escola especial por opção. "Ela não quer sair de lá. Respeito o desejo dela", diz. Stella optou por colocar Maria Cristina em escola regular. "Como qualquer pessoa, ela tem direito de conviver com a diversidade. Não vou criar um mundo à parte para ela", diz.

Já Suely lembra de um caso que viveu numa escola de Breno. "Ele era o único portador de Síndrome de Down. Como estava bem adaptado, aceitaram outra criança. Um dia ouvi uma mãe perguntando para outras se iam encher a escola de retardados", recorda.





Fonte: Terra

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