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Economia
Terça - 22 de Agosto de 2006 às 06:45

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A notícia de que os empresários da indústria poderão ser condenados pela prática detectada pela Secretaria de Direito Econômico (SDE) foi bem recebida pelo setor produtivo primário. “Tudo que era possível fazer para municiar estes órgãos com dados foi feito. Agora foge de nós os desdobramentos, mas estamos confiantes. Se a arbitração de preços ficar comprovada, teremos um horizonte melhor”, avalia o representante da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) no Fórum Nacional de Pecuária de Corte, Eduardo Alves Ferreira Neto. “Isso vindo à tona [as denúncias] certamente inibirá futuros arranjos de mercado. Aí sim, haverá uma livre regulação de preços, de acordo com oferta e demanda”, completa.

Outro ruralista que gostou da notícia foi o presidente da Associação dos Proprietários Rurais de Mato Grosso (APR-MT), Ricardo Castro Cunha. “Desde 2003 o cartel vem sacrificando o produtor. Sempre que o mercado começa a reagir, os frigoríficos inventam alguma coisa para derrubar o preço da arroba. Ano passado foi a aftosa em plena entressafra, e há poucos dias, quando a estiagem não permite grandes volumes de boi gordo disponíveis à indústria, querem implantar um novo foco para pressionar a cotação”, denuncia.

Ferreira completa dizendo que o posicionamento das plantas “sitia regiões que se tornam reféns dos preços estipulados para a arroba”.

Castro Cunha aponta ainda que quando o boi tem a arroba valorizada por qualquer questão externa de mercado, os frigoríficos “jogam carne barata no mercado para achatar o preço da arroba”.

O presidente da APR-MT acredita na condenação dos executivos das oito plantas denunciadas pela SDE e diz que os desdobramentos das investigações do cartel da carne devem ser retomados “pelo novo Congresso Nacional, por meio da CPMI da Carne. Caso contrário, por mais um ano o patrimônio será dilapidado e haverá falta de boi no mercado ao médio prazo, porque as matrizes estão sendo abatidas em grandes proporções”, adverte.

DESCARTE OBRIGATÓRIO -- Números coletados pela APR-MT revelam que, de janeiro a março deste ano, Mato Grosso abateu 6 mil vacas a mais que bois e que os volumes estaduais superam o registrado no Brasil dentro do mesmo período e mais: as vacas mato-grossenses representaram neste mesmo período 20% dos abates de fêmeas que foram realizados no País. A base da APR-MT são os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em março, 201 mil vacas foram abatidas contra 195 mil bois. Em fevereiro, a diferença foi de 18 mil vacas a mais. Já os números nacionais do IBGE mostram que em março foram abatidos 1,13 milhão de bois, contra 1,05 milhão de fêmeas.

Esta espécie de descarte forçado ilustra a falta de liquidez que este segmento da produção agropecuária vem registrando desde 2003, quando o valor da arroba do boi começou a sofrer pressão de baixa e os custos de produção aceleraram. (MPF)




Fonte: Diário de Cuiabá

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