Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Quinta - 17 de Agosto de 2006 às 19:44

    Imprimir


Os combatentes armados do Hizbollah sumiram do sul do Líbano com a chegada do Exército na quinta-feira, mas moradores dizem que o grupo xiita e suas armas estão lá para ficar.

"O Hizbollah são as pessoas dessas cidades. Eles são daqui. Para onde iriam?", argumentou Yousef Younes, um comerciante aposentado cuja casa, em Khiam, foi destruída na guerra do grupo contra Israel.

"Não tenho visto qualquer combatente. Vejo os moços das aldeias. Não sei quem é combatente e quem não é. Nunca os vi apontando armas para ninguém", afirmou.

Em redutos do Hizbollah no sul do Líbano, jovens à paisana ajudam a limpar as ruas arruinadas ou ficam zanzando de moto para saber o que acontece.

O Hizbollah surgiu sob o patrocínio do Irã xiita, depois da invasão israelense de 1982 no sul do Líbano, mas arregimenta seus guerrilheiros entre os libaneses comuns.

Com 14 deputados e dois ministros, o Hizbollah é muito popular no sul, predominantemente xiita, pois é considerado o responsável pela desocupação israelense, em 2000.

Depois de quatro dias de trégua, muitos refugiados que voltam para suas casas agitam bandeiras do Hizbollah e colocam nos carros fotos do seu líder, xeque Sayyed Hassan Nasrallah.

"Ninguém vai concordar em tirar as armas da resistência. Não é possível que o Hizbollah deixe o sul", disse a idosa Maryam Awada, em Khiam. "Ninguém fora eles libertou o sul."

RETIRADA? Em Ghandouriyeh, 17 quilômetros a oeste de Khiam, militantes desarmados do Hizbollah colocavam sacos verdes camuflados no porta-malas de um carro e partiam, afastando os curiosos.

Mais adiante na estrada, fardas israelenses manchadas de sangue, latas de comida e cartuchos usados de foguetes estavam no jardim de uma casa onde o Hizbollah disse ter armado uma emboscada.

Israel exige que o Hizbollah recue para além do rio Litani, que em alguns pontos fica a poucos quilômetros da fronteira, e em outros chega a 20 quilômetros de distância.

O Hizbollah aceitou a entrada de tropas libanesas na região para acelerar a trégua, mas nem o ministro libanês da Defesa acha que o Exército vá tentar desarmar a guerrilha.

No sul do Líbano, a população —cristãos ou muçulmanos, seguidores e críticos do Hizbollah— recebeu com alívio a chegada do Exército, na esperança de que ajude a trazer a tranqüilidade após décadas de turbulências.

Levando uma trouxa de roupas que acabara de resgatar dos escombros da sua casa, em Debbine, Abdo Gharib disse que os combatentes passaram por sua aldeia e deixaram manchas de sangue nas coisas.

"O homem que morava ali era filiado (ao Hizbollah). (Os israelenses) alvejaram a casa dele, mas alvejaram a nossa também. O que temos a ver com isso?", questionou.

"O envio do Exército é uma excelente decisão. Não queremos mais ser vítimas de guerras regionais travadas no Líbano, mas o Hizbollah não vai entregar suas armas, não desse jeito."





Fonte: EFE

Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/281876/visualizar/