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Saúde
Segunda - 07 de Agosto de 2006 às 08:04

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Um grupo de pesquisadores suíços do Hospital Universitário de Genebra (HUG) divulgou nesta sexta que alguns tratamentos anti-retrovirais para pacientes com HIV podem ser interrompidos durante várias semanas sem que o doente corra riscos.

Segundo publicado hoje no jornal "Le Temps", os pesquisadores realizaram um estudo com 430 soropositivos sobre o impacto da interrupção temporária das terapias com anti-retrovirais, "sem prejuízos para o organismo". Os resultados do estudo, que custou 2,6 milhões de euros, serão publicados amanhã na revista científica "The Lancet".

O jornal afirma que, desde 1996, as triterapias anti-retrovirais altamente ativas (HAART) mostraram eficácia na redução de 85% da mortalidade vinculada à Aids. Mas, além de serem extremamente caros, esses tratamentos causam severos efeitos colaterais nos doentes, como náuseas, diarréias e lipodistrofias (transtorno no metabolismo de gorduras), entre outros.

A reportagem menciona também um estudo da Agência Nacional Francesa para Pesquisa em Aids (ANRS), mostrando que entre 11% e 12% das pessoas que contraíram o vírus HIV fazem pausas em seus tratamentos para minimizar esses efeitos colaterais.

O professor Bernard Hirschel, responsável pelo departamento de pesquisa sobre a Aids do HUG, explicou que um estudo mediu os danos em algumas células imunológicas no sangue dos pacientes, especificamente nos linfócitos CD4. O estudo realizado pela equipe dirigida por Hirschel examinou 430 pacientes com HIV da Tailândia, da Suíça e da Austrália e, dentre eles, 284 interromperam o tratamento, enquanto os outros o continuaram.

O resultado dessa interrupção, diz o jornal, foi que o nível de "resistência do vírus aos remédios não foi maior no primeiro caso, como os cientistas temiam. Não houve nenhum caso de piora dos doentes, nem mortes".

"Demonstramos no caso do primeiro grupo que podem-se economizar até 61,5% dos remédios", disse Hirschel, explicando que outros efeitos colaterais vinculados à ingestão de anti-retrovirais, como as náuseas e a diarréia, "também eram menos freqüentes". No entanto, acrescenta o cientista, outras manifestações menores do vírus HIV como a "candidíase bucal" (infecção oral), eram mais freqüentes.

Outros estudos

O estudo suíço sobre os tratamentos intermitentes com anti-retrovirais não é o único. Neste mesmo ano, o Instituto de Doenças Infecciosas (NIAID) dos EUA divulgou um estudo realizado com seis mil pessoas de 33 países, a um custo de 160 milhões de euros.

Nesse experimento, no entanto, os pacientes, que tomavam seus remédios unicamente quando seu sistema imunológico estava muito debilitado, tiveram mais riscos de ficar doentes ou morrer do que os que os tomavam duas vezes por dia. Os médicos, que decidiram interromper o estudo, observaram também a existência de complicações cardiovasculares, renais e hepáticas.

Outro estudo francês, realizado pela ANRS com 403 pessoas, mostrou que os tratamentos intermitentes eram possíveis. O diretor do organismo francês, Jean-François Delfraissy, afirmou que no experimento americano "o nível de células CD4, a partir do qual se devia reiniciar o tratamento, era muito baixo: 250 CD4 por milímetro cúbico de sangue".

No estudo suíço esse limite era de 350, visto que a taxa normal desse tipo de célula fica em média entre 700 e 1.000.





Fonte: EFE

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