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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Sábado - 05 de Agosto de 2006 às 18:40

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A Bolívia se prepara para instalar neste domingo, em Sucre, uma Assembléia Constituinte presidida pela indígena quíchua Silvia Lazarte, que foi convocada pelo presidente Evo Morales para formar um Estado mais equitativo, defender os recursos naturais e acabar com o modelo neoliberal.

Evo Morales reafirmou neste sábado que a Constituinte trará à Bolívia mais igualdade e justiça, em direção a um "país sem discriminadores e discriminados".

"Se queremos acabar com a discriminação, com a desigualdade e com a injustiça, não há outra alternativa que acabar com o Estado colonial e com o modelo neoliberal".

"A partir da conclusão da Assembléia Constituinte, que acabem os chamados ''qïaras'' (brancos) e os ''tïaras'' (indígenas)", disse o líder socialista à imprensa boliviana, qualificando a medida de "tsunami político".

"Espero um Estado social e comunitário", onde se "viva em comunidade, em coletividade, em harmonia entre o ser humano e a mãe terra".

Morales, inimigo declarado do imperialismo e amigo de Fidel Castro, presidente de Cuba, e do líder venezuelano, Hugo Chávez, rebateu as críticas de que copie os dois dirigentes.

"Não se trata de copiar Cuba, Venezuela, Estados Unidos ou Lula da Silva. A Bolívia tem sua própria particularidade (..). Não se trata de copiar, mas de complementar".

Com 255 membros, a Assembléia iniciará deliberações para um período de seis meses a um ano. O Movimento ao Socialismo (MAS), de Morales, controla quase 60% das cadeiras da Constituinte, menos do que os dois terços necessários para aprovar as decisões.

A Constituinte irá se pronunciar sobre a nacionalização dos hidrocarbonetos, decretada em maio por Morales, que reverteu a favor do Estado a riqueza do gás e do petróleo, controlada na última década por multinacionais. Evo Morales pretende usar a receita do petróleo e do gás para reverter a pobreza, que castiga 7 em cada 10 bolivianos.

O presidente também busca que a Constituinte confirme sua "revolução agrária, pacífica e democrática", que consiste na distribuição de 20 milhões de hectares, aproveitando milhares de hectares de terras improdutivas que estão nas mãos de latifundiários.

Outro grande desafio da Constituinte, a oitava da história boliviana, é adaptar os desejos de quatro das nove regiões nacionais, que se pronunciaram em favor de sua autonomia política e administrativa em relação ao poder central de La Paz.

As populações da rica e poderosa província de Santa Cruz e das amazônicas Beni e Pando, além da de Tarija, que concentra grande parte da riqueza do gás, apoiaram a vigência de um regime autônomo, num referendo realizado em julho.

A Assembléia, obrigada de antemão a concretizar a autonomia dessas regiões, deverá adaptá-la ao regime centralista pelo qual optaram as províncias andinas de La Paz, Oruro, Potosí, Chuquisaca e Cochabamba, e evitar o crescimento de tendências que apontem para a secessão do país.

No campo político, Morales busca compensar quase dois séculos de exclusão das maiorias indígenas na Bolívia. Contrastando com a Assembléia que fundou o país em 6 de agosto de 1825, dirigida por bolivianos de raça branca e letrados.

A atual Constituinte será presidida pela líder indígena Silvia Lazarte, uma ex-dirigente "cocalera" de 47 anos, atualmente dedicada ao plantio de soja em Santa Cruz e fundadora de diversas organizações de mulheres quíchuas.





Fonte: AFP

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