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Economia
Terça - 18 de Julho de 2006 às 07:01
Por: Marcondes Maciel

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Contrariando a previsão dos produtores, a safra mato-grossense de algodão deverá registrar quebra acima da esperada este ano em função do excesso de chuvas, que acabou atrasando a colheita em pelo menos 15 dias na maioria das regiões produtoras.

Levantamento da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) aponta “perda adicional” de produtividade entre 12% e 15% em função de fatores climáticos.

Nas regiões Sul e Leste, que respondem por mais de 60% da produção estadual de algodão, os municípios mais afetados foram Rondonópolis, Pedra Preta, Itiquira, Primavera do Leste e Campo Verde.

A Ampa tem informações de que em praticamente todas as regiões do Estado parte do algodão apodreceu por causa das chuvas nos meses de março e abril.

“Por isso, o prejuízo será bem maior do que o projetado para esta safra”, argumenta o presidente da entidade, Sérgio De Marco. Segundo ele, 30% da safra de algodão já está colhida na região Sul do Estado.

A estimativa inicial de perda era de 13,46% na produção, já que a previsão indicava uma produção de 450 mil toneladas (t), contra 520 mil/t de pluma colhidas em 2005. Com a perda estimada de até 15% de produtividade por causa das chuvas, a produção poderá despencar para 382 mil/t este ano. Já a área plantada sofreu recuo de 30%, caindo de 430 mil hectares (há) na safra 2005 para 357 mil/ha na atual safra.

“Se aliarmos este problema [queda da safra] a outras variáveis, como a defasagem cambial e endividamento agrícola, temos um quadro altamente desfavorável para o algodão, que poderá provocar forte desestímulo nos produtores”, analisa o presidente da Ampa.

Os produtores avaliam que os preços -- apesar de terem sofrido uma pequena reação com as variações na cotação do dólar nas últimas semanas e com a melhoria da remuneração do preço pago ao produtor com a realização do Prêmio de Equalização (Pepro) -- ainda continuam defasados e não chegam a cobrir os custos de produção.

CUSTOS -- De acordo com Sérgio De Marco, os custos de plantio de algodão em Mato Grosso ficaram acima dos preços que estão sendo pagos ao produtor. “O produtor gastou em média US$ 1,85 mil para plantar um hectare de algodão. Para cobrir este custo, ele teria que produzir pelo menos 100 arrobas de pluma. Mas está colhendo em média 80 arrobas”, conta.

Mesmo com a melhora da remuneração dos preços em função do prêmio de equalização pago por meio dos leilões (Pepro) da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o produtor ainda está tendo prejuízos devido à queda da produtividade. Nesses leilões, os preços médios da arroba da pluma -- já adicionado o valor do prêmio ao produtor -- chegam a R$ 44,60, contra um custo de produção estimado em R$ 46.

De Marco afirma que os produtores de algodão vivem situação idêntica à dos sojicultores. “O produtor também enfrenta problemas com o câmbio, falta de crédito e endividamento”, exclama.

O presidente da Ampa observou que os preços tiveram uma pequena reação nos últimos dias, mas ainda estão abaixo dos custos e os cotonicultores continuam trabalhando no vermelho. “A recuperação do dólar, assim como os leilões do Pepro realizados nos últimos dias são importantes para o produtor. Mas ainda estamos longe do preço ideal”, aponta.





Fonte: Diário de Cuiabá

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