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Internacional
Domingo - 18 de Junho de 2006 às 05:00

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O partido social-democrata Smer venceu as eleições legislativas de sábado na Eslováquia, mas deverá fazer alianças para governar o país, o que torna difícil prever qual será a orientação do próximo Executivo de Bratislava.

O resultado histórico obtido pelo Smer, liderado por Robert Fico, com 29% dos votos, não permite ao partido governar sozinho. No entanto, provavelmente será o advogado quem ficará encarregado de formar o novo Governo.

"É uma grande oportunidade para que a Eslováquia seja mais solidária e justa, já que este resultado garante que o programa do novo Governo estará orientado rumo à esquerda", afirmou Fico na sede de seu partido em Bratislava após a divulgação dos resultados.

Fico prometeu retroceder em algumas das reformas realizadas pelo Executivo de Dzurinda, que facilitaram a entrada do país na União Européia (UE) e na Otan em 2004, mas encontraram uma forte rejeição entre os cidadãos. A população eslovaca é uma das mais pobres da Europa, apesar do alto índice de crescimento de sua economia, de mais de 6% do Produto Interno Bruto.

A vitória de Fico pode ser interpretada como uma rejeição ao Governo de Dzurinda, que liderou durante dois mandatos consecutivos um ambicioso programa de reformas na Justiça, no sistema tributário, na política social e na previdência. No entanto, essa rejeição não foi tão grande como se esperava, uma das surpresas do pleito.

A União Democrata-Cristã (SDKU) de Dzurinda foi a segunda força mais votada, com 18% dos votos. Em 2002, o partido tinha recebido 15% dos votos. A alta da preferência do eleitorado ocorreu apesar da recente cisão no partido, que o levou a perder seis dos 28 deputados com que iniciou a legislatura.

A SDKU reconheceu esta manhã a vitória de Fico e, segundo Dzurinda, o partido quer manter a atual cooperação com os partidos democratas-cristãos (KDH) e da minoria húngara (SMK).

O líder conservador disse que a aliança com o KDH e o SMK garante a manutenção das reformas econômicas e sociais realizadas nos últimos anos e que devem facilitar a introdução do euro em 2009. "Juntos temos muita força", disse Dzurinda.

Por outro lado, a consulta popular confirmou a queda de popularidade do líder ultranacionalista Vladimir Meciar, que governou o país nos anos 90 e que era considerado um empecilho para as aspirações euro-atlânticas da Eslováquia.

Seu polêmico Governo, acusado de violar os direitos humanos e de censurar a imprensa, e sua orientação na política externa, alinhada com os regimes totalitários bielo-russo de Alexander Lukashenko e sérvio de Slobodan Milosevic, levaram o país ao isolamento na Europa e paralisou as negociações de entrada na UE e na Otan.

O polêmico líder obteve 9% dos votos nas eleições deste sábado, contra 19,5% em 2002 e 27% em 1998.

O nacionalista Partido Nacional Eslovaco (SNS), liderado pelo polêmico prefeito de Zilina, Jan Slota, volta ao Parlamento após oito anos de ausência.

Sua orientação anti-húngara em um país onde 10% da população é de origem húngara pode ser uma fonte de conflito com esta minoria caso seja feita uma coalizão nacionalista de esquerda.

As divergências entre conservadores e democratas-cristãos sobre objeção de consciência desencadearam a antecipação das eleições.

A equipe de Governo também testemunhou diversos atritos entre liberais e democratas-cristãos, entre outros motivos por causa das escutas telefônicas realizadas pelos serviços de inteligência (controlados pelo Ministério do Interior) e da influência do liberal Pavol Rusko, como ministro da Economia.

Estas eleições legislativas são as quartas do país desde o fim da Tchecoslováquia, em 1993, e as primeiras depois da adesão à UE e à Otan. A votação foi realizada sem incidentes e registrou o nível de participação mais baixo da história do país, de 54,62%.





Fonte: EFE

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