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Terça - 23 de Maio de 2006 às 08:39

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Um menino franzino, caucasiano, falante e muito carismático sempre dizia em suas decidas pelo escorregadio corrimão do palácio Alencastro que um dia seria o prefeito de sua cidade do coração: Cuiabá. Carregando em suas mãos um fardo de jornal, no olhar a esperança de um vencedor e, acima de tudo, uma determinação invejável, aquele garoto pobre do Baú correu muito atrás de seu ideal.

Os anos se passaram, as lideranças políticas de outrora se envelheceram, Cuiabá cresceu e junto com ela nasceu um fenômeno, uma máquina de votos. Resumindo. A exemplo dos grandes épicos exibidos nos cinemas, o menino de ontem virou o “herói” de hoje. Adulto, com mais de 16 anos de vida pública e colecionador de vitórias eleitorais fantásticas, Wilson Santos, prefeito de Cuiabá, está onde sempre desejou estar.

E agora? E o povo? Mudou alguma coisa com a brava história de vida citada acima? A resposta é triste, no entanto, é muito real: não! A cidade de Cuiabá continua mergulhada na pobreza absoluta. Os bairros estão abandonados. Não há um programa sério de infra-estrutura. E mais. As nossas crianças viraram pedintes nos cruzamentos da Capital. Meninos franzinos, falantes e carismáticos sonham, não com o poder, mas sim com um simples prato de comida.

A periferia cuiabana exibe atualmente cenas comparadas a países africanos, ou seja, lá na fronteira da miséria se vê crianças famintas, pais de famílias alcoólatras, meninas empurradas a prostituição infantil e outras mazelas sociais mais. A degradação do tecido social de Cuiabá avança a passos galopantes. Os números oficiais mostram que a nossa Capital possui hoje mais de 50 mil desempregados. Cerca de 10 mil crianças estão em situação de risco. O saneamento básico foi relegado ao segundo plano. Enfim, a nossa cidade verde está vermelha de vergonha.

Apesar dos indicadores sociais e urbanos serem desastrosos, o prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), age como um neoliberal frio, calculista e distante da massa. Vejamos. Corte de funcionários (demissões), corte no setor de investimentos (obras) e a completa falta de um programa estratégico de desenvolvimento para Cuiabá.

A maior cidade de Mato Grosso, para tristeza coletiva, pode ser comparada a um barco que está à deriva num mar em fúria. Não há direção, a bússola perdeu o rumo e o leme do comandante já não lhe pertence mais. A água já invade com força o convés. Basta um iceberg e pronto: naufrágio a vista.

Para salvar a tripulação, o menino do Baú terá que rever suas atitudes. É preciso entender que legislar é uma tarefa completamente diferente, se comparada, a função de um chefe de executivo. Os vícios do parlamento, as manias dos gabinetes e a forma solitária de decidir precisam fazer parte do passado. O presente exige espírito coletivo, de grupo e visão de futuro. Mesquinharia, fofocas, intrigas e influência familiar fazem muito mal a qualquer gestor público que se propõe a administrar com seriedade, modernidade e espírito de estadista. Salve Cuiabá, comandante!





Fonte: O Documento

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