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Quarta - 12 de Abril de 2006 às 12:45
Por: Marcelo Bartolomei

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A obra do controverso cineasta Glauber Rocha ganha vida nova a partir da semana que vem, quando será lançada uma série de projetos para relembrar o diretor no Brasil e no exterior.

A versão restaurada de "Terra em Transe" (1967), um dos mais emblemáticos filmes do Cinema Novo, terá lançamento oficial na terça-feira, junto com a garantia de que seu acervo de 80 mil documentos será preservado com apoio do governo federal.

Segundo Tarcísio Vidigal, do Grupo Novo de Cinema e TV, os direitos para exibição em salas, televisão e DVD do "novo" "Terra em Transe" foram recentemente adquiridos por França, Itália, Suíça e Espanha. Também será lançado no mesmo dia o terceiro volume de uma coleção literária sobre Glauber, editada pela Cosac Naify. Em "O Século do Cinema", há críticas, pequenos ensaios e relatos dos encontros que o cineasta manteve com diretores europeus e norte-americanos.

A nova fase da história de Glauber começou segunda-feira, quando o ministro da Cultura, Gilberto Gil, entregou à mãe do cineasta, Lúcia Rocha, 87 anos, um documento que garante a permanência do espaço cultural Tempo Glauber, na zona sul do Rio de Janeiro, por 99 anos no local onde está.

Até então, ela havia sofrido ameaças de despejo e corria o risco de deterioração do material guardado, por falta de apoio governamental.

Além disso, o acervo de Glauber —que contém roteiros inéditos, poemas, desenhos, livros, fotos, revistas, jornais, restos de filmes e objetos pessoais, tudo acondicionado num quarto pequeno da casa— foi declarado de interesse público, o que garante que ele seja protegido pelo Arquivo Nacional.

"Eu esperei isso por 20 anos e quase desisti. Fui a muitos festivais procurando material por onde ele (Glauber) passou. Isso aqui é um tesouro. Quando ele foi embora, me pediu para cuidar do acervo", disse dona Lúcia, que desde a morte do filho, em 1981, luta para recuperar e preservar sua obra.

COLEÇÃO GLAUBER ROCHA

O primeiro passo para reviver Glauber na memória do público será o lançamento de "Terra em Transe", restaurado em minucioso processo pela Cinemateca Brasileira, para uma cópia digital e outra em 35mm.

Sua matriz, que possibilitou o processo, foi encontrada na Alemanha, já que os negativos originais teriam sido queimados num incêndio na França, mesmo país que consagrou o filme no festival de Cannes.

O projeto, orçado em 4 milhões de reais através da Petrobras, prevê o lançamento de outras importantes obras até o ano que vem. "O Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro", "Idade da Terra" e "Barravento" serão os próximos.

Restaurados, os filmes devem ser exibidos nos cinemas e depois lançados em DVD, com extras que incluem sobras de montagem, depoimentos de profissionais que trabalharam nas filmagens e análises de cada obra, em documentários produzidos pela filha do cineasta, Paloma Rocha, coordenadora da "Coleção Glauber Rocha", e pelo também diretor Joel Pizzini.

"Depois do Transe" (2005), por exemplo, reflete sobre "Terra em Transe", mostra a polêmica provocada na época do lançamento e traz depoimentos de voz do próprio Glauber. O DVD ainda tem o curta "Maranhão 66" e um explicativo do processo de restauração, divididos em dois discos.

No ano passado, "Deus e o Diabo na Terra do Sol" já havia sido lançado em DVD, como parte da mesma coleção, mas sem os adicionais propostos por Paloma, que deixou sua carreira na televisão para se dedicar ao projeto do pai. O primeiro DVD, segundo ela, será refeito e ganhará também um documentário sobre a realização em 1964.

Apesar de o lançamento oficial do DVD "Terra em Transe" ocorrer somente na próxima terça-feira, o produto já está à venda nas lojas a 49,90 reais, segundo a distribuidora Versátil Home Video, e até o final do mês pode ser encontrado para locação. A primeira tiragem traz 3.000 DVDs.





Fonte: Reuters

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