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Domingo - 20 de Janeiro de 2013 às 19:23
Por: Lorena Aquino

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Benedito e Maria do Monte comemoram Bodas de Vinho no Recife (Foto: Lorena Aquino/G1)
Benedito e Maria do Monte comemoram Bodas de
Vinho no Recife (Foto: Lorena Aquino/G1)

 

Aos 25 anos, Benedito Pinto Pessoa caminhava pela rua, no Recife, quando um bonde passou na avenida. Dentro dele, havia uma bela moça. Era Maria do Monte Andrada, aos 18. Trocaram olhares. Ele pegou o carro, seguiu o bonde, viu onde a bela moça desceria e foi atrás dela no portão de casa, na Avenida Rosa e Silva. Este foi o primeiro encontro dos dois na Zona Norte do Recife, no ano de 1942. Em janeiro do ano seguinte, eles já estariam casados - às escondidas.

Maria é de Olinda e Benedito, de João Pessoa. Quando se conheceram, os dois moravam no Recife. Ele, a trabalho. “O pai dela não queria que ela casasse, não. Ele achava que eu não tinha condições de cuidar da filha, então eu roubei” conta Benedito, com calma e um tom descontraído.

Setenta anos depois, por volta das 12h30 neste sábado (19), Maria do Monte Andrada, agora também Pinto Pessoa, chega em casa com cabelo e maquiagem impecáveis para comemorar as Bodas de Vinho em um almoço intimista na própria casa, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, com a presença dos filhos, netos e bisnetos.

Maria conta a história sentada à mesa, junto a várias mulheres que também anseiam por ouvir tudo novamente. Vez por outra, a senhora arrisca uma dancinha ao som da música ambiente. “O bonde passou e ele ficou olhando pra mim. Eu pensei que ele ia esquecer e não ia mais aparecer. Mas apareceu”, conta ela, aos 88 anos de idade. “Ele tomou o carro dele e foi acompanhando o bonde. Desceu atrás de mim”, explica. Naquele momento, conversaram pela primeira vez e desde então começou um romance que dura até hoje. A história é longa e duradoura, e o Sr. Benedito, hoje com 95 anos, alerta: “Cuidado para não fazer confusão!”

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Família de Benedito ajudou o casal a ficar junto (Foto: Lorena Aquino/G1)
Vicentina, Eduardo e Lúcia, irmãos de Benedito (ao centro),
ajudaram Maria (segunda da direta para a esquerda) a
viajar até João Pessoa para realizar o casamento.
(Foto: Lorena Aquino/G1)



O “roubo” diz respeito à fuga que os dois combinaram em 1942. “Fugi de casa, fui casar em João Pessoa”, conta Maria do Monte. A filha mais velha do casal, a artista plástica Riccarda Andrada, 65 anos, explica melhor. “O pai dela, Fernando Andrada, não queria o casamento, então os dois combinaram de fugir na noite de Natal”, explica ela. A irmã mais nova de Benedito, Maria Lúcia, veio buscá-la no Recife e levou-a para João Pessoa, para que eles pudessem realizar o casamento sem problemas.

“No caminho de João Pessoa, pararam o ônibus perguntando por uma Maria. Perguntei a Lúcia o que fazer e ela pediu que eu ficasse quieta. Eu pensei ‘pronto, sou eu!’, mas não era. Meu coração bateu tanto que só Deus sabe”, conta a “noiva”. Ela afirma que foi muito bem recebida pela sogra na Paraíba, mas a tradição, no entanto, não permitia que eles ficassem juntos ainda. “Para resguardar a reputação, Lúcia levou-a para a casa da mãe de Benedito. Ele não dormia em casa com ela para a família não ficar mal falada”, conta Riccarda.

Na Igreja, correu tudo bem e a celebração aconteceu no dia 9 de janeiro. Mas como Maria era menor de idade, o casamento civil só poderia acontecer com o consentimento dos pais. Foi aí que entrou a influência de fora, segundo Riccarda, a filha mais velha. “No civil, eles casaram aqui no Recife no dia 19 de janeiro de 1943. Um juiz amigo da família disse para minha avó que se Fernando não desse autorização, ele dava, como juiz, para que eles pudessem casar no civil”, explica. E deu certo.

Maria do Monte e Benedito com a filha mais velha, Riccarda, e uma das netas, Érica. (Foto: Lorena Aquino/G1)
Maria do Monte e Benedito com a filha mais velha, Riccarda,
e uma das netas, Érica. (Foto: Lorena Aquino/G1)


 

Só cinco anos depois da união nasceu Riccarda Andrada. Nesse meio tempo, eles compraram um carro, uma casa e Maria do Monte também havia começado a trabalhar como funcionária pública, como o marido, para ajudar nas despesas. "Era um amor roxo, eles viviam saindo juntos, o tempo inteiro para todo lugar", conta a filha do casal. Atualmente, o casal tem três filhos, quatro netos e três bisnetos. No caminho da mesa do almoço, Maria esquece a idade e cumprimenta os familiares arriscando outros tímidos passinhos de dança. “Comemorar 70 anos de casada pra mim foi uma felicidade só”, relata.

Para os filhos, a sensação também é grandiosa. “Foi surpreendente. Nossa família sempre comemorou datas especiais e quando descobrimos que já eram 70 anos de casados, achamos que tínhamos que comemorar, a data não poderia passar em branco”, conta Riccarda. Nos pequenos detalhes, o casal dava a entender que a celebração tinha motivo e os anos tinham valido a pena: durante o almoço, era possível ver Maria e Benedito dando-se as mãos vez por outra.





Fonte: Do G1 PE

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