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Internacional
Terça - 21 de Março de 2006 às 16:25

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O ex-primeiro-ministro do Iraque Ilyad Allawi, cotado para ser o homem forte da área da segurança no novo governo, pediu na terça-feira reforço para as forças do país, para evitar que os conflitos sectaristas transformem-se numa guerra civil. Como o novo governo está demorando para ser formado, o político xiita acredita que os líderes deveriam instalar um gabinete provisório e consolidá-lo daqui a um ano, afirmou à Reuters.

"Estamos nos estágios iniciais de uma guerra civil. Espero que não cheguemos a um ponto sem volta", disse ele na sede da Lista Iraquiana, um partido multisectário que representa a quarta força no Parlamento, com um décimo das cadeiras.

Segundo ele, já está havendo "faxina étnica", mas ainda há esperança de evitar a guerra. "Temos de reforçar o Exército, a polícia, os serviços de segurança e de inteligência. Se os tornarmos capazes, podemos deter a situação antes de chegar a um ponto fatal. Senão a situação será desastrosa."

A natureza laica de Allawi e suas décadas no exílio como colaborador da inteligência norte-americana aproximaram-no de Washington, que desconfia dos partidos islamitas xiitas apoiados pelo Irã, cujo domínio vem crescendo.

De acordo com fontes políticas, a criação de um novo Conselho de Segurança, anunciada esta semana, tem o objetivo de dar a Allawi um papel importante no combate aos grupos armados.

Allawi foi primeiro-ministro durante o governo controlado pelos EUA, e lançou ataques contra rebeldes sunitas e xiitas.

Ele lembrou que se opôs ao desmonte das forças de Saddam Hussein, promovido pelos EUA. "Há três anos, não achávamos que as coisas ficariam tão ruins", disse. "Os iraquianos e a comunidade internacional têm de fazer um esforço extraordinário para colocar o Iraque no caminho da recuperação."

Allawi, que rompeu com o partido Baath, de Saddam, nos anos 1970, e trabalhou como neurologista em Londres até voltar ao país, em 2003, disse que a solução é um governo de unidade nacional. Mas a perspectiva de que isso ocorra ainda parece distante, já que a discussão sobre o novo gabinete nem bem começou. As eleições gerais foram realizadas em dezembro.



Por isso, Allawi propôs uma solução interina. Em vez de criar um gabinete definitivo, que dure até 2009, ele sugere uma ministério provisório. "Infelizmente, as negociações ainda estão no conceito de governo de unidade nacional. Vamos formar um governo até que as coisas estejam mais estáveis", disse.

"Depois disso poderíamos mudá-lo. Porque a tragédia ¿ as mortes e o terrorismo ¿ não pode continuar. Três meses se passaram, e acho que vai demorar mais ainda, mesmo com a pressão internacional e regional para apressar o processo", disse ele sobre a formação do gabinete.

Fontes políticas disseram que o Conselho de Segurança, que provavelmente será encabeçado por Allawi, pode ser formado antes do gabinete.

Allawi descartou interferência internacional externa direta na formação do governo, mas disse que os países vizinhos podem ajudar a promover a estabilidade. A crise, como propuseram os islamitas xiitas do Iraque, poderia ser discutida por autoridades norte-americanas e iranianas, disse ele, mas os iraquianos teriam de participar. O ex-premiê sugeriu a participação de países árabes como Egito e Arábia Saudita.





Fonte: Reuters

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