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Internacional
Sábado - 25 de Fevereiro de 2006 às 12:25

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Mais de cem pessoas foram já detidas em razão do estado de emergência decretado na sexta-feira pela presidente das Filipinas, Gloria Macapagal Arroyo, em resposta a uma suposta tentativa golpista. Ao mesmo tempo, cresce o medo de uma repressão à liberdade de imprensa.

Cerca de 100 pessoas foram detidas na sexta-feira quando participavam de uma manifestação de protesto para pedir a renúncia de Arroyo, segundo informou hoje a rede de televisão "ABS-CBS".

A Polícia concentrou hoje as suas buscas e detenções em personalidades de esquerda, entre elas um deputado e dois generais reformados.

O diretor da Polícia Nacional, Arturo Lomibao, justificou as detenções de opositores ao afirmar que "os militares efetivamente esmagaram a conspiração, mas alguns de seus responsáveis ainda estão livres".

"Estamos passando por tempos estranhos, como vimos com a tentativa de alguns militares aventureiros de unir forças com terroristas comunistas e outras personalidades para tomar o poder", disse.

Lomibao reconheceu que existe uma lista de pessoas que serão detidas para interrogatório. Embora não tenham dado nomes, fontes ligadas à Polícia disseram que entre elas estão personalidades de destaque da oposição, como o prefeito de Makati (distrito financeiro de Manila), Jejomar Binay, e o ex-militar e ex-senador Gregorio "Gringo" Honasan, entre outros.

A Polícia também informou a detenção de mais dois de seus ex-comandantes, os generais reformados Rex Piai e Ramón Montaño, conhecidos por suas críticas ao atual Governo.

Piai estava jogando golfe com Montaño na província de Cavite, a 40 quilômetros de Manila, quando ambos foram detidos por agentes uniformizados, que segundo Piai não mostraram a eles nenhuma ordem de prisão, e os obrigaram a ir para Camp Crame (sede da Polícia Nacional).

Além deles, o deputado de esquerda Crispín Beltrán foi detido junto com sua mulher esta manhã, enquanto outros congressistas do partido Bayan Muna (Povo Primeiro) conseguiram escapar e esconder-se.

A tomada de controle pela Polícia do jornal de oposição "The Daily Tribune", de Manila, e outra visita de agentes ao tablóide "Abante" criaram inquietação na imprensa filipina, que teme uma repressão à liberdade de imprensa.

"A intervenção no ''Tribune'', um diário de oposição, é motivo de preocupação. Parece ser o sinal de uma repressão contra os meios de comunicação", disse Marites Danguilan Vitug, redatora-chefe do semanário filipino "Newsbreak".

Na sua opinião, o país corre o risco de perder a liberdade de imprensa que ganhou há 20 anos, quando foi restaurada a democracia com a expulsão do ditador Ferdinand Marcos.

"Lembramos às autoridades que uma imprensa livre é a pedra angular da democracia. Sem ela, não podemos pretender ser um país democrático", acrescentou a jornalista.

A onda de detenções em razão do estado de emergência, que torna desnecessária a ordem judicial, levou muitos militantes e personalidades de esquerda a se esconderem. O mesmo aconteceu com jornalistas e comentaristas de oposição, segundo confirmou à EFE um jornalista local.

A decisão de Macapagal Arroyo de declarar o estado de emergência nacional sem explicar em detalhes a suposta tentativa de golpe foi criticada inclusive por antigos aliados, como o ex-presidente Fidel Ramos, que a apoiava há alguns meses, quando as denúncias de fraude eleitoral aumentavam a pressão pela sua renúncia.

Ramos admitiu hoje que está retirando o seu apoio a Arroyo. E confirmou que a governante tentou falar com ele, que no entanto negou-se a atender ao telefone.

"Não quero ser usado como um limpador ou um desodorante", disse Ramos em entrevista coletiva.





Fonte: EFE

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