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Nacional
Terça - 24 de Janeiro de 2006 às 22:00

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Menos badalação e mais moda. Foi o que se viu nesta 20ª edição da SPFW. As primeiras filas fracas de celebridades desapontaram parte da imprensa, mas focaram o evento na criatividade dos estilistas e nas possibilidades de vendas em showrooms organizados pelo próprio evento.

“A dimensão está mudando, a preocupação agora é menos com o show e mais com os negócios”, diz a estilista da grife Uma, Raquel Davidowicz. Por opção, ela não convidou nenhuma celebridade para assistir ao seu desfile. “A prioridade foi para compradores e jornalistas da área, para focar na moda e não desviar a atenção para um personagem”, explica.

Poucos discordam de Raquel. Grande nome mesmo só Maria Rita, que cantou no desfile de Fause Haten anteontem. As tops também não apareceram muito: Gisele Bündchen desfilou só no Rio, Isabelli Fontana e Michelle Alves (a da abertura da novela Belíssima) deram o ar da graça duas ou três vezes.

Com a falta de celebridades, se viam alvoroços de fotógrafos e repórteres para a chegada de socialites e atrizes, digamos, meio fora do circuito. “Só faço personalidade, está muito fraco. Quando aparece alguém, corre todo mundo em cima mesmo sem saber quem é”, diz o fotógrafo do site do Leão Lobo, Marcos Ribas.

Para Paulo Borges, organizador da SPFW, a mudança se deve à maturidade. “As pessoas estão aprendendo o que significa um evento desse.” Ele lembra que até a última edição, a maioria dos desfiles começava à tarde e, desta vez, todos dias o evento começou por volta das 10h30.

“É business, o horário tem de ser mais próximo do comercial.” Mesmo assim, ele acredita que as celebridades vão continuar aparecendo, já que no mundo todo é assim. “Já vi o alvoroço causado pela Nicole Kidman no desfile da Chanel e do Hugh Grant, no Valentino.”



Negócios em outro endereço Um dos claros indícios disso é a inauguração da FWHouse - Salão Internacional de Negócios, organizada pela SPFW no Hotel Blue Tree Towers Faria Lima. Destinado a aproximar estilistas e varejistas, o projeto funciona como showroom coletivo, com cerca de 50 empresas. O espaço não poderia ser mais inusitado - o que, de certa forma, combina com o espírito do evento. Cada marca foi instalada em uma das suítes do hotel, cuja mobília original, como camas e mesas, foi substituída por araras com peças da próxima coleção.

Do 13.º ao 16.º andar, compradores encontram grifes em cartaz nos desfiles desta edição do SPFW, como Alexandre Herchcovitch, Fábia Bercsek, Karlla Girotto, Maria Bonita, Rosa Chá e Mario Queiroz, assim como marcas off calendário oficial, como Lucy in the Sky, Blue Man, Buccanes, Dindi e Gokko.

Entre um contato aqui e uma compra acolá, é possível se refrescar com um prosecco ou tomar um cafezinho..De meia em meia hora, vans fazem a conexão entre evento no Ibirapuera e o salão de negócios no Blue Tree, e vice-versa. Um evento semelhante já havia sido organizado na própria Bienal em outros anos, mas agora se acredita que longe do auê dos desfiles, os compradores tenham mais facilidade para fechar negócios e fazer contatos.

A estimativa é que o FW House renda cerca de R$ 750 milhões às grifes. Visitado pela reportagem do Estado no começo da tarde do sábado, o local estava na mais plena calmaria.

Na opinião de Leka Oliveira e Fernando Lauro, que, respectivamente, trabalham para as marcas Gokko e Julia Aguiar dentro do showroom, a movimentação deve se intensificar mesmo depois do fim do SPFW. Até agora, só foram feitos cadastros e contatos.

“O próprio amadurecimento do evento busca a maturidade do estilista”, disse Leka. Fernando emendou: “A partir de agora, esse foco negócios vai ser forte.”

Mario Queiroz, que mostra a nova coleção masculina em uma das suítes, aprovou a iniciativa. “As marcas que não estão no SPFW, aqui, ganham valor agregado.” De visita ao showroom de Queiroz, David Azulay, dono da marca Blue Man (também presente no FWHouse), defendeu a volta da feira de negócios para a Bienal, mais próximo do agito. “Não fiz um cliente novo até agora.”

Fátima Alencar, dona de uma loja multimarcas feminina no Recife, também acredita que esse espaço foi uma boa solução. “O lojista precisa estar concentrado”, disse Fátima, antenada na moda produzida em São Paulo, no Rio e no mundo.

“Se tem showroom e desfile no mesmo lugar, a gente quer assistir ao desfile, quer comprar. E a nossa venda depende da nossa compra.” O FWHouse funciona até sexta-feira, das 10 às 20 horas. Informações pelo tel. (0xx11) 3896-7544.




Fonte: Agência Estado

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