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Economia
Sexta - 20 de Janeiro de 2006 às 13:47

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Cerca de mil produtores rurais em Mato Grosso estão dispostos – e já começam a negociar - a entrega de suas máquinas, equipamentos e outros bens para amortizar dívidas contratada junto aos bancos. O nível de inadimplência no Estado é estimado em R$ 3 bilhões. O cálculo é do diretor-secretário da Federação da Agricultura de Mato Grosso (Famato), Valdir Correa da Silva. Ele diz que a maioria dos casos dos equipamentos devolvidos aos bancos foram adquiridos entre 2001 e 2002. "Além das dívidas, os agricultores estão enfrentando dificuldades para obter crédito o ciclo atual. Quem pode, deve renegociar" – ele ponderou.

A entrega das máquinas aos bancos foi orientada na semana passada pela própria Famato e pela Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso, a Aprosoja, como forma de reduzir o nível de endividamento nesta safra. Rui Prado, presidente da Aprosoja no Estado afirma que há negociações feitas em diferentes regiões do Estado junto ao Banco CNH, Banco John Deere, Banco do Brasil, entre outros. A questão da dívida e inadimplência dos produtores também foi tratada – numa espécie de pedido de socorro – junto ao governador Blairo Maggi.

"A impossibilidade de pagar me fez devolver as máquinas. Quem plantou e não renegociou dívidas não sabe como vai pagar as contas" – disse o sojicultor Roque Lazari, que planta 6 mil hectares em Primavera do Leste (MT). Ele foi um dos que entregou ao Banco Comercial Uruguai duas plantadeiras e um trator para pagar dívida de R$ 140 mil que tinha junto ao banco para quitar um financiamento tomado em 2002. Em 2005, ele já havia entregue ao banco três tratores e dois plantadeiras para pagar parte das dívidas. Neste ano, Lazari decidiu trocar o plantio de soja pelo aluguel das nove máquinas que lhe restaram. Como Lazari, outros 30 produtores de Primavera do Leste estão negociando a entrega de máquinas agrícolas como forma de pagamento de dívidas junto aos bancos, segundo José Otaviano Nardes, presidente do Sindicato Rural do município. Ele estima que 38% dos 460 produtores do município estão inadimplentes. alto nível de inadimplência, segundo Nardes, deve-se às perdas que a região (que planta 500 mil hectares/ano de soja) sofreu com a ferrugem asiática da soja nos últimos três anos. "O custo com compra de defensivos equivale a 8 a 10 sacas por hectare, quando a produtividade média na região é de 50 sacas por hectare. Isso mata o lucro do produtor." Nardes observa que, há casos de máquinas compradas a R$ 600 mil e que hoje valem R$ 460 mil no mercado. "O agricultor já pagou parte do financiamento e continua devendo R$ 600 mil. É mais fácil entregar essa máquina, se livrar da dívida e comprar uma mais barata no mercado."

Uma fonte do setor financeiro observa que todo financiamento de máquinas agrícolas é concedido com uma garantia (como hipoteca de imóveis, aval ou a própria máquina a ser financiada). Em caso de inadimplência, o banco entra com processo de execução da garantia, ou seja, toma o imóvel e o leiloa para reaver o valor financiado. O problema para os bancos é que o trator usado não alcança em leilão o valor do financiamento.

Uma fonte do Banco Comercial Uruguai confirmou a realização de acordo com produtores no Mato Grosso e informou que está disposto a fazer outros acordos. O Banco do Brasil informou que é possível fazer esse tipo de negociação, mas não confirmou se há acordos do tipo sendo fechados no Mato Grosso. Recentemente, o banco divulgou que o índice de inadimplência de produtores junto ao banco no Centro-Oeste chega a 5%, o que equivale a 1 bilhão de reais.





Fonte: 24 Horas News

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