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Internacional
Quinta - 19 de Janeiro de 2006 às 10:03

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O primeiro-ministro interino de Israel, Ehud Olmert, e as forças de segurança, em uma "batalha pelo império da lei" contra extremistas judeus, preparam-se com milhares de soldados e policiais para desmantelar 24 assentamentos da Cisjordânia. A decisão foi adotada após os confrontos violentos de jovens radicais com homens do Exército e da Polícia Nacional no mercado palestino da cidade de Hebron, onde a calma dominava hoje após cinco dias de distúrbios.

O comandante das Forças Armadas, o general da Aeronáutica Dan Halutz, declarou que esses jovens rebeldes "falam sobre a criação de um Estado da Judéia" para substituir o de Israel. "Estamos pagando o preço de termos sido condescendentes com eles", acrescentou.

O suposto objetivo separatista prosperou com o fracasso dos jovens "alaranjados" e de seus mentores na campanha para impedir, há cinco meses, o desmantelamento de 25 assentamentos e o despejo de 8.500 colonos que vivem na Fiaxa de Gaza e no norte da Cisjordânia.

Os extremistas judeus, em sua maioria filhos de velhos colonos, participaram de dezenas de incidentes, entre eles a sabotagem contra veículos do Exército - cuja missão é protegê-los - com o objetivo de protestar contra a execução das decisões do Poder Executivo.

Os distúrbios em Hebron explodiram quando as autoridades se preparavam para expulsar oito famílias de colonos que se instalaram à força em dois edifícios do mercado palestino, após terem incendiado vários locais, alegando que pertenciam a judeus.

Policiais e cerca de 4 mil soldados de quatro batalhões se transformarão em breve em uma espécie de "ponta de lança" para o despejo, que começará com o de Amona, onde extremistas construíram nove casas que devem ser demolidas.

Trata-se dos chamados "assentamentos ilegais" que jovens colonos criaram, a maioria em condições precárias, sem a permissão do Governo.

Tais enclaves, às vezes construídos como "novos bairros" de assentamentos autorizados - todos ilegais para os palestinos e a comunidade internacional -, seriam cerca de 100 com os criados antes de 2001, quando o primeiro-ministro Ariel Sharon, então chefe da oposição, convocou os jovens para "ocupar as colinas da Judéia e Samaria" bíblicas, ou seja, a Cisjordânia.

Sharon fez o apelo quando o então primeiro-ministro Ehud Barak negociava com o então presidente palestino Yasser Arafat a possível devolução de 90% da Cisjordânia em troca da paz.

Olmert, acusado ontem à noite pelo Conselho de Assentamentos da Judéia e Samaria de "declarar guerra" aos 220 mil colonos residentes na Cisjordânia, não deu prazos para começar a operação.

O enclave de Amona, onde os colonos prometem exercer dura resistência, será desocupado simultaneamente com os do mercado de Hebron, sagrado para judeus e muçulmanos.

Após Amona, serão desmantelados outros três desses enclaves no distrito de Nablus, na Jordânia setentrional.

Segundo o chefe dos serviços secretos Shin Bet, Yuval Diskin, desses locais saíram os rebeldes que destruíram 2.400 oliveiras palestinas.

Olmert, que em breve viajará a Washington a convite do presidente George W. Bush, ordenou ao ministro da Defesa, Shaul Mofaz, que apresentasse um plano detalhado sobre os meios e o número de forças de que o Exército e a Polícia Nacional precisarão.

Sharon, que permanece inconsciente há 15 dias no Hospital Hadassah de Jerusalém, tinha prometido a Bush no ano passado o despejo dos "assentamento ilegais", e Olmert "quer chegar a Washington sem dívidas pendentes", segundo diziam seus próximos.

Fontes militares disseram que a evacuação dos jovens violentos das colinas acontecerá de acordo com o modelo seguido para executar o Plano de Desligamento ordenado por Sharon.

Ainda não foi esclarecido se as forças de segurança serão armadas ou não, como fizeram na Faixa de Gaza e no norte da Cisjordânia.

Os rebeldes do "Estado da Judéia" ameaçam usar a violência, como aconteceu diversas vezes no passado, motivo pelo qual as autoridades preferiram parar as operações de despejo.





Fonte: EFE

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