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Repórter News - reporternews.com.br
Internacional
Terça - 17 de Janeiro de 2006 às 12:15

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O Exército e a Polícia israelenses deram um prazo hoje a centenas de extremistas judeus para se retirar do enclave dos colonos da cidade sagrada de Hebron, declarada zona militar fechada, para pôr fim a cinco dias de distúrbios. Segundo a ordem do chefe da zona militar central, general Yair Naveh, com jurisdição na Cisjordânia, os "jovens das colinas", adolescentes radicais que vieram de assentamentos israelenses, deviam abandonar o perímetro de Hebron antes das 10h (06h em Brasília).

Os distúrbios começaram na quinta-feira, quando os extremistas, em solidariedade com os 700 colonos do enclave judeu de Hebron, impediram o despejo de sete famílias instaladas em dois edifícios situados no mercado palestino que alegam ter pertencido a judeus até 1929.

O despejo foi ordenado pelas autoridades militares, pois os colonos se instalaram sem permissão nesses dois edifícios do mercado, onde há 20 lojas, das quais algumas foram queimadas.

Até 12h (08h em Brasília), ainda não se sabia se os 300 jovens que se instalaram no local para fazer violentos protestos tinham sido retirados. Até agora, informou-se que dez pessoas foram detidas e um oficial militar ficou ferido.

Efetivos militares e policiais tomaram posições nos pequenos bairros do assentamento para expulsar de Hebron os israelenses que não habitarem a região.

Uma das famílias que devem sair de suas casas recorreu hoje a um tribunal em Israel para impedir seu despejo, e, como o pedido foi rejeitado, deve recorrer ao Supremo.

Seu argumento é de que esses edifícios, localizados no mercado palestino, pertenciam à comunidade sefardita, dizimada em um sangrento massacre cometido em 1929 por extremistas muçulmanos.

Oficiais militares, chamados de "nazistas" pelos extremistas, controlavam o acesso ao enclave por meio de barreiras.

O assentamento de Hebron é o único instalado em uma cidade palestina, habitada por mais de 130 mil pessoas. O Exército israelense se retirou de 80% da cidade por um acordo de 1999 com Yasser Arafat, e desde então protege os colonos judeus habitantes em 20% do território da cidade.

Os soldados e os policiais, apesar das restrições, permitiam esta manhã o acesso dos fiéis à sinagoga da Gruta de Machpelá, onde judeus e muçulmanos veneram o suposto túmulo de seu patriarca, Abraão ou Ibrahim.

Pela primeira vez, os extremistas israelenses, que em agosto também enfrentaram o Exército e a Polícia durante o despejo dos assentamentos judaicos de Gaza, os desafiam agora encapuzados, como os palestinos, para não serem identificados.

Muitos vêem os incidentes de Hebron como uma mostra do que seria o desmantelamento de assentamentos da Cisjordânia se o Governo israelense decidir ceder aos palestinos territórios dessa região em futuras negociações de paz.

Mais uma vez, devido a desordens promovidas pelos colonos - que reivindicam a Cisjordânia como sua por serem as regiões bíblicas da Judéia e de Samaria -, o Exército israelense operava hoje em "duas frentes".

Além de impedir os protestos dos "jovens das colinas" contra as forças da ordem, atacadas a pedradas, ovos, tomates e tinta, outros efetivos continuavam com suas operações contra militantes palestinos no norte da Cisjordânia.

Soldados israelenses mataram em Tulkarem o chefe militar do Hamas na cidade, Fabed Salah a-Din, que resistiu à prisão, segundo fontes militares. Um soldado ficou ferido no confronto.

Outros 18 palestinos foram detidos na Cisjordânia, o que eleva o número de detidos nas últimas 48 horas para quase 50, a oito dias das eleições legislativas palestinas.

A Autoridade Nacional Palestina (ANP) também enfrenta hoje grupos extremistas da resistência, que rejeitaram uma proposta do ministro do Interior, Nasser Yousef, para depor suas armas durante as eleições, na próxima quarta-feira (25), e evitar possíveis incidentes entre partidos rivais.





Fonte: EFE

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