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Agronegócios
Sábado - 17 de Dezembro de 2005 às 14:34

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Os agricultores de Mato Grosso começam a safra 2005/2006 com R$ 3 bilhões em prejuízos acumulados com a desvalorização cambial, queda nos preços das commodities agrícolas, aumento nos custos de produção e perdas na lavoura por efeitos climáticos na safra 2004/2005. Somente em Sinop, a estimativa é de que a dívida do setor ultrapasse R$ 140 milhões em financiamentos junto ao Banco do Brasil (BB). Em meio às dificuldades impostas pela crise, os produtores locais acusam o agente financeiro de descumprir decisão da Justiça de retirar os nomes dos inadimplentes inseridos na Serasa, Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Cadin.

A contabilização dos prejuízos foi feita ontem no aniversário de 40 anos da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), em uma reunião entre lideranças rurais para discutir o futuro da atividade agropecuária no Estado. A agência do BB no município já é considerada a primeira no ranking de inadimplência no Estado e a sexta na lista nacional.

Galvan afirma que ante o descumprimento do BB o sindicato protocolou na semana passada novo pedido de liminar no Fórum de Sinop, reiterando o pedido de retirada dos nomes dos cadastros de inadimplentes e a aplicação de multa diária de R$ 1 milhão contra o banco caso não cumpra a decisão imediatamente. Ainda não há uma decisão da Justiça ao pleito. O superintendente do BB no Estado, Renato Araújo Borges, contrapõe as críticas ao afirmar que novas inclusões no cadastro foram suspensas, mas evidenciando que as exclusões não foram efetivadas.

Galvan afirma que em meio às incógnitas de 2006 frente ao setor, algo é tido como certo: o efeito bola de neve sobre as dívidas acumuladas na safra anterior. Os cálculos da relação "custo x produtividade" já indicam a matemática nociva ao bolso do produtor, com um prejuízo de cinco sacas ou R$ 90 por hectare no caso da soja, a principal cultura do Estado. Para um produtor que planta 1,5 mil hectares, a diferença significará R$ 1,6 milhão em dívidas ao fim da safra.

Enquanto pelo menos 60 sacas são necessárias para cobrir os custos com as sementes, adubo, agrotóxicos, maquinário, funcionários e colheita, a média de produtividade é de 50 a 55 sacas. Além disso, a soja na região é comercializada hoje a R$ 18, preço considerado pequeno pelos produtores ante o período de entressafra, onde os valores tradicionalmente são mais altos. "Imaginem a que preço vamos vender essa soja no ano que vem", questiona Galvan, ao ressaltar que a perspectiva de superprodução mundial da cultura deverá impulsionar uma tendência de baixa nos próximos meses.

Em meio à retrospectiva dos 40 anos da Famato, o presidente da entidade, Homero Pereira, admite que a conjuntura de crise não tem precedente na história da agropecuária do Estado. "Estou há 25 anos em Mato Grosso e nunca vi uma situação como essa. A crise é tanto na área de grãos quanto na pecuária, com os recentes focos de febre aftosa. Mas a Famato está preparada para enfrentar os desafios contemporâneos em defesa dos interesses dos produtores".

Ele afirma que o cenário de preços dos produtos agrícolas para o próximo ano ainda é imprevisível apesar do temor dos produtores. Ao justificar a incerteza com a volatilidade do mercado, Pereira avalia que o momento é de espera pelos resultados da produção no mercado internacional. "Uma catástrofe natural e novos compradores no mercado externo, por exemplo, podem mudar tudo".





Fonte: Gazeta

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