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Politica Brasil
Sexta - 16 de Dezembro de 2005 às 11:51
Por: Diego Toledo

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campanha eleitoral na Bolívia chegou ao fim à meia-noite de quinta-feira em um clima de incerteza, causado pelos sinais de que nenhum dos candidatos à Presidência do país conseguirá a maioria absoluta dos votos na eleição do próximo domingo. A legislação boliviana determina que, se nenhum dos oito candidatos conseguir 50% e mais um dos votos válidos, o Congresso é quem vai escolher o presidente entre os dois mais votados.

O líder cocaleiro Evo Morales aparece em primeiro lugar nas pesquisas. Em uma delas, com 34,2% das intenções de voto. Na outra, com 36%. Seu principal adversário é o ex-presidente Jorge 'Tuto' Quiroga, que aparece com 29,2% e 28%.

Além de votar em um dos candidatos a presidente, os cerca de 3,6 milhões de eleitores inscritos na Bolívia também vão escolher os novos deputados, senadores e, pela primeira vez na história do país, os governadores das nove províncias bolivianas. Se a escolha do novo presidente ficar para o Congresso, a decisão será tomada em janeiro pelos 130 deputados e 27 senadores eleitos no domingo. Preocupação

A possibilidade de que um dos candidatos vença a disputa nas urnas, mas acabe derrotado no Congresso preocupa os bolivianos e foi um dos principais assuntos nos comícios que encerraram a campanha eleitoral na noite de quinta-feira.

Na cidade de Cochabamba, Evo Morales pediu que seus eleitores se mobilizem para conseguir mais votos nos dias que antecedem a eleição e, assim, evitar que a decisão da disputa pela Presidência fique para janeiro. "Quando não se ganha com 50% mais um, o voto de vocês, o voto do povo, é negócio do Congresso Nacional, é negócio de chefes de partidos políticos", disse o candidato do Movimento ao Socialismo (MAS).

"Por isso, quero pedir a vocês que façamos esforços, a partir desse momento, para que consigamos um voto, dois votos a mais para ganhar com 50% mais um", acrescentou Morales.

Em Santa Cruz de la Sierra, Tuto Quiroga encerrou sua campanha com um apelo semelhante. Durante o comício em seu principal reduto eleitoral, o ex-presidente pediu a ajuda da cidade para tentar reverter a vantagem do adversário e ainda buscar a maioria absoluta dos votos.

"O sol sai do oriente, o sol vem de Santa Cruz, ilumina toda a Bolívia, e o triunfo parte daqui", disse Quiroga, candidato do partido Poder Democrático e Social (Podemos), em um discurso cheio de referências ao desejo da província de Santa Cruz de conseguir mais autonomia em relação ao governo central boliviano.

"Daqui, eu peço a vocês: Santa Cruz, neste domingo, vamos dar maioria para o Podemos, assim teremos autonomia, assim teremos emprego, assim teremos trabalho", concluiu o ex-presidente. Congresso

As projeções dos institutos de pesquisa indicam que o Podemos deve conquistar a maioria no Senado, com 14 ou 15 das 27 vagas. Os senadores, três por província, são eleitos a partir da votação dos candidatos a presidente. O partido do candidato que vencer a disputa em cada província elege dois senadores ¿ o que ficar em segundo tem direito a terceira vaga no Senado.

Apesar de aparecer em segundo nas pesquisas, Quiroga lidera a disputa em seis províncias. Morales é o primeiro nas outras três, incluindo La Paz e Cochabamba ¿ dois dos maiores colégios eleitorais do país.

O formato da eleição para as vagas no Congresso impede que sejam feitas projeções sobre como ficará a divisão de forças entre os deputados. As 130 vagas são divididas proporcionalmente de acordo com o número de eleitores de cada província. Metade dos deputados também são eleitos a partir da votação dos candidatos a presidente. A outra metade é definida por voto direto.

Se a definição do novo presidente sair no Congresso, um fator decisivo pode ser o apoio do partido Unidade Nacional (UN), do candidato a presidente Samuel Doria Medina, que ocupa o terceiro lugar nas pesquisas. Há alguns dias, Doria Medina disse que, se o candidato que chegar na frente tiver uma vantagem de cinco pontos percentuais ou mais sobre o segundo colocado, o Congresso deve respeitar a opinião dos eleitores e escolher como presidente o vencedor da votação de domingo.




Fonte: BBC Brasil

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