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Quinta - 15 de Dezembro de 2005 às 07:44
Por: Josana Salles

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A ocupação urbana desordenada em Várzea Grande está cada vez mais próxima da área inundável do rio Cuiabá e de áreas alagáveis (várzeas) que funcionam como pontos de vazão das águas das chuvas da parte alta da cidade para o rio. Um grave risco para o meio ambiente e para a saúde das pessoas que tentam viver nestas áreas. O grilo "Cassira Lúcia", no bairro Alameda, surgiu há 3 anos no entorno de uma lagoa extensa, coberta por vegetação típica de brejos. Sem ter onde morar, famílias muito carentes estão aterrando o local e construindo barracos e até casas de alvenaria. Não há rede de esgoto, de água ou de energia. A o risco de contaminação é permanente, pois nesta época de chuva as casas ficam tomadas pela água parada, misturada a lixo e dejetos dos próprios moradores da área.

Técnicos da secretaria de Meio Ambiente de Várzea Grande já estiveram no local e disseram aos moradores que eles terão de sair da área, mas sem um local adequado para instalá-los, dificilmente as famílias deixarão a lagoa. A engenheira sanitarista Fátima Nogueira da Silva, que esteve no local acompanhada do Juizado Volante Ambiental (Juvam), confirma a gravidade da situação. "Ocupar áreas alagáveis é muito perigoso porque as pessoas estão no caminho das águas, não tem como impedir isso, apenas com obras de drenagem com custos muito altos para a cidade. Estamos estudando melhor solução para eles", contou. Fátima disse ainda que a secretaria está notificando empresas e indústrias que estão usando o local para jogar entulho e todo tipo de lixo.

Sem opção - Leila Domingos do Nascimento mora com 5 filhos num barraco ao lado da mãe Julia e a irmã Luzia. Ao todo a família tem 10 pessoas vivendo em dois cômodos. O banheiro é improvisado numa parte da área alagada e protegido com um varal com plástico ou um cercado de restos de madeira. O fogão é feito com tijolos para fora do barraco. "Vieram aqui para dizer que teremos de sair do brejo. Mas a gente não tem para onde ir. Estou tentando há dois anos terminar meu barraco e não consigo", contou Leila. Nas mesmas condições vive dona Lina Carolina da Silva, uma idosa que vive com o filho de 20 anos num barraquinho minúsculo em condições precárias. O lixo fica ao lado da casa como também o local onde está a fossa séptica. "Eu até gosto daqui porque é perto do centro e não preciso ter dinheiro para ônibus. me acostumei com o lugar mas é ruim o mau cheiro, o calor do barraco. Meu filho é meio doente e não trabalha. A fome sempre aperta mas deixo para lá".

Em meio ao lixo e montanhas de entulho despejados por empresas coletoras e por indústrias de refrigerante, a lagoa aos poucos vai perdendo espaço. Mesmo assim, de noite, os moradores chegam a ver famílias de capivaras e jacarés passeando pelo local. A secretaria de Meio Ambiente de Várzea Grande está preparando uma visita com técnicos do Conselho Regional de Arquitetura e Engenharia (Crea), Corpo de Bombeiros, Defesa Civil e a secretaria de Promoção Social. Será feito um relatório da situação e entregue as autoridades estaduais e municipais.




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