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Repórter News - reporternews.com.br
Meio Ambiente
Quarta - 07 de Dezembro de 2005 às 17:44

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Cientistas que trabalharam na decodificação do genoma do cão concluíram que o DNA canino traz a forte marca da influência humana, que transformou um descendente rude do lobo na variedade de raças dóceis de hoje. As informações constam de um artigo da edição desta quinta-feira do semanário científico britânico Nature.

Ao publicar o seqüenciamento genético do cão doméstico (Canis familiaris), a equipe internacional de cientistas afirma que a história do cão "remonta a pelo menos 15 mil anos e possivelmente a até 100 mil anos, na época de sua domesticação original a partir de lobos cinzentos da Ásia". "Os cães evoluíram graças a um relacionamento mutuamente benéfico com os humanos, partilhando seus hábitats e fontes alimentares", destacou um dos cientistas.

Chefiada por Kerstin Lindblad-Toh, do Broad Institute, subordinado ao Massachusetts Institute of Technology (MIT) e à Universidade de Harvard, nos EUA, a equipe mapeou 2,4 bilhões de "informações" do DNA, o correspondente a 99% do código genético canino.

A amostra de tecido usada para decifrar o código genético canino foi retirada de Tasha, uma boxer fêmea, raça cuja mandíbula proeminente e respiração característica forçada se remetem à seleção humana entre os cães. Os cães têm 39 pares de cromossomos, embora neste caso, o cromossomo Y, encontrado nos machos, esteja ausente, pois a cobaia é fêmea. Para título de comparação, os humanos têm 23 pares de cromossomos.

A equipe de geneticistas também coletou amostras de outras 10 raças, com a intenção de comparar diferenças genéticas e criar um catálogo de polimorfismos de nucleotídeo único ou "snps" (sigla em inglês para "single nucleotide polymorphisms"), isto é, mudanças em uma letra do genoma que pudessem explicar diferentes comportamentos caninos e vulnerabilidade a doenças.

Acredita-se que os cães tenham sido os primeiros animais a serem domesticados pelo homem. Em milhares de anos, a pressão genética exercida pelo Homo sapiens levou ao surgimento de raças de cães com especialidades de pastoreio, caça e obediência, assim como espécies premiadas por uma aparência específica.

Este "experimento evolucionista" produziu mais raças de cães domésticos do que entre os demais membros da família Canidae, classificação dos cães que abarca raças domésticas e selvagens. Estima-se que haja no mundo 400 milhões de cães e cerca de 400 raças modernas.

O cruzamento consangüíneo em busca de peculiaridades genéticas específicas também trouxe o risco de doenças, tais como câncer, ataques cardíacos, catarata, epilepsia, artrite de quadril e surdez. Centenas de desordens genéticas que acometem os cães também são observadas nos humanos.

A identificação das causas genéticas nos animais pode ajudar o homem, ao encorajar as ferramentas de diagnóstico, que apontam certas predisposições para determinadas doenças e os medicamentos capazes de deter ou até mesmo de reverter o problema.





Fonte: AFP

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