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Cidades/Geral
Segunda - 05 de Dezembro de 2005 às 09:00

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"No mundo inteiro, as pessoas, as organizações e mesmo os agentes públicos, acreditam cada vez mais que o desenvolvimento econômico só trará resultados se vier acompanhado de desenvolvimento humano; o processo histórico é complexo e todos os fatores que formam nossa realidade social são ainda muito mais para que deixemos toda a responsabilidade dessa imensa tarefa de edificar o desenvolvimento sustentável e a justiça social, exclusivamente ao encargo das organizações públicas".

A análise é do deputado Humberto Bosaipo (PFL) e foi manifestada no pronunciamento do parlamentar, durante a solenidade de abertura do Seminário sobre o Certificado de Responsabilidade Social de Mato Grosso, realizado no auditório da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).

O evento, que teve a finalidade de esclarecer o empresariado e a sociedade mato-grossense sobre o certificado, foi promovido pela Assembléia Legislativa em parceria com as Federações das Indústrias (Fiemt), da Agricultura e Pecuária (Famato) e do Comércio (Fecomércio), além do Sindicato dos Contabilistas (Sincon), Conselho Regional de Serviço Social (Cress), Serviço Social da Indústria (Sesi) e as Associações Brasileira de Recursos Humanos (Abrh), dos Auditores Fiscais do Tribunal de Contas (Audife), dos Municípios (Amm) e de Mulheres de Negócios (Bpw).

O seminário contou ainda com o apoio das empresas Rede Cemat, Modelo IGA e Refrigerantes Marajá.

A lei 7.687, de autoria dos deputados Humberto Bosaipo (PFL), José Riva e Eliene Lima (ambos do PP), instituiu o Certificado de Responsabilidade Social e o Troféu Responsabilidade Social, que serão conferidos anualmente para as empresas, órgãos públicos e organizações não-governamentais e organizações sociais de interesse público que desenvolvam ações em benefício da sociedade e projetos destinados a melhorar a qualidade de vida de seus empregados.

A referência de avaliação será o balanço social, que permite identificar o perfil social destas instituições durante o exercício contábil, a qualidade de suas relações com os empregados, o cumprimento das cláusulas sociais, a participação dos trabalhadores nos resultados econômicos e as possibilidades de desenvolvimento pessoal, a forma de interação delas com a comunidade e suas relações com o meio ambiente.

A fim de avaliar e selecionar as empresas, o Legislativo mato-grossense compôs a Comissão Mista de Responsabilidade Social, da qual participam, além de servidores da Casa, representantes das entidades parceiras - as mesmas que promoveram o seminário.

Mais de 100 pessoas participaram do evento - entre empresários, profissionais liberais, estudantes e membros de entidades representativas. Após a solenidade de abertura, o seminário prosseguiu com a palestra do presidente da Comissão de Responsabilidade Social da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, Guilherme Guaragna.

Guaragna - que mal havia desfeito as malas após viagem de negócios à Polônia antes de vir para Cuiabá -, relatou a pioneira e bem-sucedida experiência do Legislativo gaúcho, que transformou a mentalidade do empresariado daquele estado. Há cinco anos, na primeira edição do certificado, apenas vinte empresas participaram.

Este ano, foram quase trezentas, das quais mais de uma centena fez jus á certificação. Entre as diversas áreas de alcance social nas quais as empresas atuam, Guaragna destacou a educação. "É o investimento que traz o melhor retorno, sólido e duradouro; mas os resultados só aparecem a médio e longo prazo", enfatizou.

Após a pausa para o coffe break matutino, o evento prosseguiu com palestra da vice-presidente da Comissão de Responsabilidade Social da Associação Brasileira de Recursos Humanos (Abrh), Jorgete Leite Lemos. Ela destacou diversos indicadores sócio-econômicos que podem referenciar o empresariado na hora de fazer investimentos de alcance social. Ao analisar uma pesquisa feita pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Lemos mostrou muita preocupação com a mentalidade discriminatória e excludente que ainda impera em muitas organizações. Conforme a pesquisa, significativa parcela do empresariado paulista tem fortes reservas quanto à contratação de afro-descendentes, ex-detentos e pessoas com mais de 45 anos de idade.

À tarde, a programação recomeçou com a palestra da representante do Serviço Social da Indústria (Sesi), Patrícia Reis Rodrigues, que falou sobre as ações da entidade no campo da responsabilidade social. Destacou, particularmente, a assistência aos trabalhadores da indústria, principalmente no que toca à saúde (Sesiclínica), à educação (Sesiescola) e ao lazer (Sesipark).

Depois dela, representantes das empresas Rede Cemat, Modelo IGA e Marajá Refrigerantes expuseram painel com o tema "Empresas Socialmente Responsáveis".

A Marajá Refrigerantes foi representada pelo próprio presidente, Cláudio Brüehmüller, que destacou as ações sociais, com destaque para a atuação da empresa em defesa do meio ambiente. "Para a melhoria da qualidade de vida dos colaboradores e da comunidade, oferecemos tratamento odontológico local, cursos para conclusão do ensino básico e médio, treinamentos técnicos, operacionais e motivacionais, plano de saúde, alimentação, programas de segurança e atividades recreativas, esportivas, culturais e sociais", expôs Brüehmüller. "Nosso compromisso com o meio ambiente inclui o Sistema de Tratamento de Efluentes, além de ações de conscientização com programas de coleta seletiva de lixo e reciclagem; além disso, em parceria com a Fundação Ecotrópica, a empresa colabora com projetos para a conservação dos recursos naturais e proteção da biodiversidade do Pantanal Mato-grossense", acrescentou.

A gerente de recursos humanos do Grupo Rede, por sua vez, evidenciou os investimentos da Rede Cemat na valorização dos trabalhadores da empresa, com destaque para os programas de treinamento e qualificação, bolsas de estudo, atividades culturais e, principalmente, a política salarial e de benefícios.

Também falou sobre os projetos ambientais incentivados pela empresa, além de ações sociais que envolvem a comunidade e voluntários da própria Rede Cemat. Ela destacou ainda o programa de comunicação interna e externa, desenvolvido pela simpática jornalista Ana Luíza Anache, assessora de imprensa.

Já o executivo Aldecir Magalhães, da rede de supermercados Modelo IGA, expôs os investimentos sociais, principalmente em projetos esportivos, cujos resultados têm sido brilhantes - basta citar as karatecas Adairce Castanhetti e Lauriany de Sá, respectivamente campeã mundial e panamericana júnior-juvenil, sob o patrocínio da empresa. Falou também de outras ações - com destaque para o apoio à Casa da Mãe Joana, que recebe pacientes soropositivos, e à creche Tia Antonina, que atende crianças carentes na região do Grande CPA. Lembrou ainda os investimentos em meio ambiente, particularmente a obra de canalização da nascente do córrego da Prainha, próximo à loja que a rede tem na avenida Miguel Sutil.

Após nova pausa para o coffe break vespertino, a palestra de encerramento, sobre o balanço social das empresas e organizações, foi ministrada pela professora Fátima de Souza Freire, da Universidade Federal do Ceará. Ela fez uma retrospectiva histórica sobre o tema e discorreu sobre os diversos métodos e referenciais sócio-econômicos para a elaboração do balanço social. Também incentivou a campanha de conscientização do empresariado sobre a responsabilidade social das organizações.

"É preciso ter a consciência de que as ações sociais não significam necessariamente custos para as empresas, mesmo porque são investimentos cujo retorno, ainda que indireto, é certo", assinalou.

O deputado Humberto Bosaipo destacou o elevado nível das palestras e reconheceu que a troca de experiências e conhecimentos foi extremamente positiva, "particularmente para a Comissão Mista de Responsabilidade Social". "Com base no que aprendemos aqui, será possível inclusive melhorar a lei que instituiu o certificado", avaliou Bosaipo.





Fonte: 24 HorasNews

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