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Repórter News - reporternews.com.br
Saúde
Quinta - 31 de Março de 2005 às 17:31
Por: Joanice de Deus

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Transplantes de córnea em Mato Grosso têm resultado positivo. O caso da dona de casa Sandra Medianeira dos Santos Rodrigues, 38 anos, que no último dia 12 de março submeteu-se a um transplante de córnea artificial, também chamado de qeratoprothesis obteve êxito. A cirurgia foi realizada por uma equipe do Hospital de Olhos, em Cuiabá, chefiada pelo oftalmologista Orivaldo Nunes Filho, credenciado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). “O último exame que fiz mostrou que estou enxergando 90%”, comentou Sandra que há oito anos perdeu a visão nos dois olhos devido a sequelas da síndrome de Steven Johnson, um efeito alérgico grave que pode levar a perda da visão.

Sandra explicou que perdeu a visão quando seu filho mais novo estava com um ano e meio de idade. Além de poder ver novamente os filhos, ela tem outra filha de 13 anos, a familiares e aos amigos, Sandra afirma que o transplante também está lhe devolvendo antigas experiências e a rotina que tinha, como ler e sair de casa sem a bengala. “Tenho muito que agradecer a Deus e a equipe médica que me atendeu muito bem”, disse Sandra.

”Após recuperação da visão tenho esperança de retornar aos serviços de Saúde que o Estado oferece para verificar se tenho condições de recuperar, também, o olho direito uma vez que os médicos julgaram mais difícil pelas complicações causadas pela síndrome de Stevens Johnson”, declarou Medianeira.

Para o oftalmologista Sydnei Santos Araújo, da Supervisão Médica da Central de Regulação, é importante que as pessoas tenham conhecimento do processo de inscrição e funcionamento de transplante de córnea no Estado. Ele explica que o primeiro passo é ter a indicação do médico oftalmologista de que existe a necessidade do paciente fazer o transplante, encaminhando-o para a Central de Regulação, que se encarrega de agendar uma nova consulta para reavaliar a indicação com a equipe atuante de transplante de córne no Estado. “O paciente deve ser submetido à uma avaliação oftalmológica completa. Diagnosticado a patologia corneana que necessite de transplante e descartada outras possibilidades terapêuticas, o paciente é inscrito na Fila Única de Mato Grosso”, comentou.

Hoje, cerca de 300 pessoas aguardam por um transplante de córnea no Estado. Além da Central de Transplantes para captação de córnea do doador com coração parado no Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC), Sydnei Santos lembrou que Mato Grosso contará em breve com o Banco de Tecidos Oculares Humanos (Banco de Olhos), que também funcionará no Hospital de Olhos, localizado na rua Ramiro Noronha, 453, no Jardim Cuiabá.

O Banco de Olhos contará com toda uma estrutura e equipamentos avançados e modernos e de profissionais qualificados para o cumprimento de normas técnicas para captação, transporte dentro da área de abrangência e armazenamento de tecidos oculares. “O Hospital de Olhos aguarda os tramites legais para colocar o Banco de Olhos em funcionamento”, disse Sydnei destacando que o Banco está praticamente montado.

Sydnei Santos ressaltou ainda que a Central de Regulação tem incentivado a doação não só de córnea, mas de outros tecidos e órgãos no Estado. Ao promover, divulgar e esclarecer à população a respeito da importância da doação de órgãos, a Central busca um aumento no número de doadores e, conseqüentemente, de vidas salvas pelos transplantes.

Nesse sentido, o oftalmologista comentou que em Mato Grosso há também um forte investimento na capacitação de recursos humanos, em que é destacada a responsabilidade dos profissionais de saúde na notificação dos casos de morte encefálica à Central de transplantes. Porém, “em vida é importante às pessoas expressarem o seu desejo de doar órgãos aos familiares. Isso porque a legislação atual prevê que a pessoa interessada em ser doadora precisa comunicar a decisão aos familiares. Em caso de morte encefálica devidamente diagnosticada, cabe à família dar autorização para a retirada de órgãos e tecidos”.

A técnica usada em Sandra pela equipe de Mato Grosso foi desenvolvida por um professor de oftalmologia de Massachusetts, em Boston, E.U.A., Claes Dohlman.

Como ser doador: Qualquer pessoa pode ser doadora de órgãos. Desde um recém-nascido a partir da segunda semana até um idoso, com restrições apenas para portadores do vírus a Aids e doenças infecciosas, como a hepatite. Para ser um doador, apenas diga claramente à sua família o seu desejo, pois a doação só acontece após a autorização familiar.

Existem dois tipos doadores: o doador vivo e o cadáver. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, da medula óssea e do pulmão. Já o doador cadáver são pacientes em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com morte encefálica. Para comprovar a morte cerebral é realizada uma série de exames clínicos e complementares. Os exames clínicos são feitos por, no mínimo, dois médicos sendo um deles neurologista. Todos os procedimentos da doação são realizados pelo SUS. Em Mato Grosso, são realizados transplantes de córnea, rim, ósseo e o Estado também integra o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).




Fonte: Secom - MT

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