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Agronegócios
Sábado - 05 de Março de 2005 às 11:10

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Brasília - Os agricultores da região Sul enfrentam uma das piores secas já registradas. Além de perder a produção, estão com escassez de água para consumo. Os mais prejudicados foram os produtores de milho, soja, de leite e de carne.

Até agora, 397 municípios do Rio Grande do Sul decretaram situação de emergência por causa da seca que atinge a região. Em Santa Catarina o decreto partiu de 91 municípios. A Secretaria Nacional de Defesa Civil recebeu pedidos de 35 municípios gaúchos em condições de serem reconhecidos pelo governo federal.

O governo criou uma comissão interministerial, que será composta por representantes de 11 pastas, para ouvir as queixas e reivindicações de produtores, movimentos sociais, prefeitos e governadores. A primeira reunião do grupo está marcada para a próxima terça-feira (8), no Palácio do Planalto, em Brasília. Eles vão calcular o valor exato dos prejuízos causados até o momento pela seca.

Em entrevista à Rádio Nacional, o presidente da Comissão de Grãos da Federação de Agricultores do Rio Grande do Sul, Jorge Rodrigues, fala sobre as perdas no campo causada pela estiagem que atinge o sul do país.

Rádio Nacional: Quais os efeitos da estiagem na agricultura no Rio Grande do Sul? Jorge Rodrigues: Estamos sofrendo danos muito significativos, e nesse momento, inclusive, não tem nem como quantificar em função de que a cada dia a coisa se agrava mais, as perdas são de todas as ordens, especialmente cultura da soja, cultura do milho, leite, pecuária de corte, nesse momento a gravidade é muito séria.

Rádio Nacional: Já é possível calcular os prejuízos?

Jorge Rodrigues: O milho já é possível calcular, nós temos uma perda de 60% registrada na lavoura de milho, a lavoura de soja ele está se agravando, hoje também em torno de 55% a 60% já de perdas registrada, mas pode aumentar essa gravidade, já que não existe nenhum modelo registrando a possibilidade de chuvas para esses próximos dias, esses próximos dias seria no máximo uma semana estaria definido a questão da colheita da soja que tem condições de reverter.

Rádio Nacional: Em termos de recursos, de dinheiro, o tamanho do prejuízo é grande? Jorge Rodrigues: É enorme. Temos o estado tendo a sua base na produção rural, produção primária. A perda que está se verificando não são em todas as culturas. Já tínhamos perdido o trigo em função de porta de mercado, pois temos metade da safra do trigo ainda para ser comercializado e não há mercado.

O setor já perdeu nas culturas de inverno e agora já está perdendo na pecuária leiteira hoje está com 30% de redução no volume de produção porque não tem da onde tirar alimentação para os animais. A pecuária leiteira ela não é momentânea, ela não recupera em curto prazo. A lactação que se compromete só vai poder ter recuperação na próxima lactação. Os cálculos ainda não estão quantificados, mas é muito grande.

Na soja, nesse momento está se iniciando a colheita, muitos produtores começam a colher e a soja que está sendo retirada da lavoura. Não estão querendo receber por falta de qualidade. É uma situação muito séria. Estamos tendo cautela para falar sobre números em função de que ainda não está concluído o evento da seca no Rio Grande do Sul.

Ainda teremos, se não chover nas próximas semanas, as coisas são bem graves aí e não há condições de comprimento dos compromissos assumidos pelos produtores. Esse fato vai afetar também o comércio, sem dúvida nenhuma, porque a base de arrecadação no estado, a principal base é a agricultura. Nós estamos preocupados com o encaminhamento já levado as autoridades o conhecimento da situação, inclusive solicitamos a formação de um grupo de trabalho com o governo federal para analisar esse assunto.

Rádio Nacional: Qual o reflexo econômico para o país com essa situação experimentada no estado do Rio Grande do Sul?

Jorge Rodrigues: O Rio Grande do Sul produz praticamente em torno de 12% da produção agrícola do país. Esse é o reflexo que vai representar o país, nós temos uma estimativa de colheita de soja de 10 milhões de toneladas, quando o país estima uma produção aproximada de 60 mil toneladas. Teremos uma perda já caracterizada em torno de 5,5 milhões de toneladas. No milho é a mesma situação, na pecuária de corte estamos com o mesmo problema e esse projeto sem dúvida nenhuma vai atingir a economia nacional.

Rádio Nacional: E quem paga por isso?

Jorge Rodrigues: A sociedade, mas principalmente o produtor rural, ele vai ser o primeiro a ser atingido, sem dúvida nenhuma também chega essa gravidade aos demais integrantes da sociedade do estado principalmente do Rio Grande do Sul.

Rádio Nacional: Quais são as alternativas diante dessa situação imposta pela natureza? Jorge Rodrigues: Nós estamos passando por momento sem precedente na história do Rio Grande do Sul. Nunca tivemos uma seca dessa ordem. Temos condições de produção, nosso solo é fértil e temos clima favorável. Precisamos resolver esse momento dando condições para recuperação no futuro, temos que ter entendimento do governo para a prorrogação dos compromissos dos produtores rurais este ano e que não venha a comprometer também a impossibilidade de cumprimento das obrigações de uma única safra e disponibilizando recursos para realização das próximas safras. Essa é a situação de recuperação.

Rádio Nacional: Há expectativa de chuvas nos próximos dias?

Jorge Rodrigues: Os modelos não estão indicando chuvas paras os próximos dias. Tínhamos alguns dias atrás uma demonstração que poderia dar alguma chuva e nesta sexta-feira já se dissipou.





Fonte: Agência Brasil

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