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Economia
Quarta - 02 de Março de 2005 às 15:37

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Pela primeira vez nos últimos nove anos, o volume de cheques sem fundos caiu em janeiro. Levantamento da Serasa, consultoria de análise de crédito, indica que em janeiro foram registrados 15,3 cheques devolvidos por mil compensados. A queda é de 3,1% em relação a dezembro e de 1,9% na comparação com janeiro de 2004.

Em todo o país foram compensados 168 milhões de cheques e os devolvidos por insuficiência de fundos somaram 2,57 milhões. Somente em janeiro de 1996 havia sido registrado esse comportamento, mas a redução tinha sido menor, de 0,86% em relação ao mês anterior.

Esta é a terceira queda consecutiva do indicador, que bateu recorde em março de 2003, com 17,6 cheques devolvidos a cada mil compensados. Desde que atingiu o pico, a queda acumulada pelo índice é de 13,2%. Nos últimos 12 meses, a queda é de 0,15%, com 33,16 milhões de cheques devolvidos no período. "O resultado de janeiro foi atípico e quebrou o padrão", diz André Chagas, economista da Serasa.

Na avaliação de Chagas, a curva do indicador sinaliza queda da inadimplência, apesar de o volume de crédito disponível ao consumidor ter aumentado. Normalmente, a taxa de inadimplência cresce num ritmo mais alto quando o crédito aumenta, mas desta vez está sendo diferente.

"O bom desempenho da economia e o longo período de estabilidade, que é ímpar, permitem que as famílias consigam planejar o orçamento. Mas o fato de ter tido queda em janeiro não significa que isso vai se repetir em fevereiro e março, meses em que a inadimplência é sempre mais alta. Já estamos no terceiro mês de queda de inadimplência e será surpresa se a taxa continuar a cair", afirma.

O economista lembra que o aumento no nível de emprego, principalmente no segundo semestre de 2004, elevou a renda disponível. Com dinheiro, as famílias conseguem pagar os compromissos assumidos no Natal para este início de ano. Nos meses de fevereiro e março, além de pagar as compras do Natal, muitas feitas com pré-datados, o consumidor terá ainda parcelas de material escolar adquiridos no começo do ano. Por isso, a taxa de inadimplência com cheque pode voltar a crescer.

Chagas acredita que o consumidor está mais maduro e afirma que também o comércio está mais consciente na aceitação do pré-datado. Dados da Serasa mostram que, há dois anos, a cada mil cheques compensados 49 eram consultados previamente pelo recebedor. Agora, são consultados cerca de 64 a cada mil cheques. O percentual ainda é pequeno, na cada de 6%, mas demonstra que as empresas estão mais atentas.

"Melhorou a percepção de que o cheque pré-datado não é uma compra à vista. É um crédito oferecido ao consumidor e, por isso, deve ser analisado", diz ele.





Fonte: Globo.com

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