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Saúde
Domingo - 27 de Fevereiro de 2005 às 16:45
Por: Liésio Pereira

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São Paulo - Qualquer tipo de reação negativa a medicamentos deve ser comunicada, até mesmo aquelas previstas na bula. O alerta é do coordenador de Farmacovigilância do Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo, Marcos Mendes.

Segundo ele, a maioria das notificações que chegam ao centro vem de indústrias - que são obrigadas a fazer isso - e de alguns hospitais. "O importante para nós é alimentar nosso banco de dados para pesquisar, não só estatisticamente, reações adversas que podem pôr em risco a vida das pessoas, verificar desvios de qualidade, problemas em bula e tentar reconhecer a utilização indevida de medicamentos", diz.

Desde a última semana, 37 farmácias da capital e do interior estão habilitadas para receber as queixas dos consumidores e encaminhá-las. O Projeto Farmácias Notificadoras é fruto de parceria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o CVS e o Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF/SP).

Segundo Mendes, os casos de reações a medicamentos não previstas em bula são mais graves e devem ser comunicados imediatamente. "Se durante uma pesquisa clínica, com cerca de três mil pessoas, por exemplo, uma determinada reação não é detectada, quando o medicamento chega para a população vai atingir milhares de pessoas e aí começam a aparecer alguns casos isolados", afirma.

Para Mendes, isso é um alerta para que se comunique ao laboratório, que deve acrescentar essa informação na bula. "Se for mais grave, teremos que fazer um alerta ou até mesmo comunicar a população", revela, lembrando o caso recente do Vioxx, antiinflamatório cuja venda foi proibida porque se constatou que provocava problemas cardíacos.

O uso indevido de medicamentos, destaca Mendes, pode até mesmo à morte. Ele cita como exemplo o uso da flutamida, um medicamento que já foi testado e teve comprovado seu benefício no tratamento do câncer de próstata, mas está sendo indicado por alguns médicos para o tratamento de acne. "Nós já temos observado uma grande quantidade de hepatite medicamentosa e quatro ou seis óbitos por hepatite fulminante provocada por flutamida usada para combater a acne. Teremos que tomar uma atitude contra isso, de acordo com a legislação", revela.

De acordo com Mendes, além das farmácias, os usuários têm outras maneiras de notificar problemas com medicamentos, como ir diretamente no CVS e preencher uma ficha simplificada. Em breve o centro terá uma nova página na internet com três tipos de notificação, para a indústria, os profissionais de saúde e os usuários.

"Existem basicamente quatro profissionais de saúde que podem notificar diretamente: o médico, o dentista, o enfermeiro e o farmacêutico. Esses profissionais estão habilitados a compreender a linguagem técnica da ficha de notificação. A ficha do usuário tem uma linguagem mais objetiva, mais fácil para que qualquer pessoa que não entenda nada da área de saúde possa compreender e preencher", diz.

A Anvisa também recebe informações dos usuários no número 0800611997. A ligação é gratuita.





Fonte: Agência Brasil

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