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Economia
Quinta - 24 de Fevereiro de 2005 às 18:07

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Brasília - Freqüentemente, termos desconhecidos aparecem em entrevistas e reportagens sobre economia, como na série de reportagens sobre o lucro do bancos no Brasil, publicada em fevereiro de 2005. Para facilitar a compreensão desses textos, a Agência Brasil criou um breve glossário que explica um pouco essa linguagem técnica.

Ativos: o patrimônio de uma empresa, formado por seus bens, créditos ou valores em geral. Os três principais tipos de ativos são: o circulante, o fixo e o financeiro. O ativo circulante é o dinheiro que a companhia tem em caixa, ou qualquer outra coisa que possa ser transformada em dinheiro vivo imediatamente. O ativo fixo é tudo o que a empresa não tem intenção de vender no curto prazo, como prédios, móveis, máquinas e equipamentos. Ativo financeiro são as aplicações feitas no mercado financeiro. Aí entram títulos de renda fixa públicos e privados, caderneta de poupança, ações, ouro, moedas estrangeiras, entre outros.

Balança comercial: registra todas as exportações e importações feitas no país. No início dos anos 90, no Brasil, a balança comercial era positiva - ou seja, as exportações superavam as importações. Quando isso ocorre, costuma-se dizer que há um superávit comercial. Com a abertura econômica, a balança passou a registrar mais importações do que exportações. Isso é chamado de déficit comercial. Atualmente, o Brasil passa por período em que vem obtendo superávits.

Balanço de pagamentos: o balanço é feito somando tudo o que o país tem a receber menos tudo o que deve ser pago. O que deve ser somado é o resultado das vendas (exportações) e os recebimentos de parcelas de empréstimos que fizemos para outras nações. Do outro lado da balança fica tudo o que deve ser pago: juros de empréstimos, parcelas de dívidas, pagamento de produtos comprados no exterior (importações), remessa de lucros de empresas estrangeiras para suas matrizes etc. O balanço de pagamentos será superavitário quando o país receber mais do que pagar, e deficitário quando ocorrer o oposto.

Controle de capitais estrangeiros: o controle, em geral, visa proteger a economia do país quando a entrada de capitais do exterior cria algum tipo de desequilíbrio interno, como aumento de preços, por exemplo. As aplicações que visam apenas melhores rendimentos, proporcionados por altas taxas de juros pagas por países em dificuldades financeiras, também podem ter efeito indesejável. Há várias maneiras de controlar o capital, seja fixando prazos para a aplicação dele no país, seja taxando-o. Nos anos 1990, o Chile teve uma experiência bem sucedida, inserindo uma "quarentena" para o dinheiro que entra na economia do país e que só pode sair após certo tempo. Na Ásia, a Malásia também conseguiu bons resultados controlando a saída dos capitais. O controle de capitais não é, entretanto, consenso entre os economistas. Alguns argumentam que ele afugenta os investidores.

Default: do inglês. Significa calote, no jargão do mercado financeiro.

Dívida externa pública: é o total da dívida que o governo tem com bancos, empresas ou mesmo pessoas, no exterior. A dívida é representada por papéis chamados títulos. Os mais conhecidos títulos brasileiros são os C-Bonds, emitidos pelo Tesouro Nacional. Ao tomar o dinheiro emprestado, o governo se compromete a pagar determinada taxa de juros.

Dívida interna: é o total da dívida que o governo tem com bancos, empresas ou mesmo pessoas, negociada no interior do país. Para o governo tomar dinheiro emprestado, ele emite títulos da dívida, que são como notas promissórias, por meio das quais o governo diz como, quando e quanto vai pagar por aquela dívida, sempre acrescida de juros – que são os juros básicos do país, chamados de Taxa Selic no Brasil.

Falência: condição jurídica decretada por meio de sentença judicial, pela falta de cumprimento de obrigações assumidas. Pode ser voluntária ou involuntária, como resultado de ações dos credores da empresa, quando esta é declarada insolvente. No início deste ano, depois de 11 anos tramitando no Congresso, a nova Lei de Falências foi assinada pelo presidente Lula. A lei permite que os empresários com dívidas negociem com os seus credores, da melhor maneira para ambos, o pagamento destas. Caso a empresa não consiga se recuperar, a falência poderá ser pedida à Justiça.

Floating: aplicação que era feita pelos bancos no período de hiperinflação no Brasil. Dentro das 72 horas em que os depósitos levavam para entrar na conta dos clientes, os bancos utilizavam esses valores para aplicações no mercado especulativo, ganhando dinheiro e devolvendo ao cliente seu depósito original acrescido de uma parcela de lucros menor do que conseguiam no mercado.

Hiperinflação: diz-se hiperinflação quando os preços aumentam tanto e tão rápido que todos gastam o dinheiro assim que o recebem. Essa velocidade no consumo se dá devido ao temor de que o dinheiro perca seu valor. A partir daí, a confiança da população na estabilidade da moeda é destruída e busca-se investir em moedas estrangeiras, ouro, imóveis. Nos anos 1920, a Alemanha chegou a registrar o caso mais famoso de hiperinflação do mundo: 1 trilhão por cento entre agosto de 1922 e novembro de 1923. No Brasil, a hiperinflação registrada foi mais amena. Mesmo assim, chegou a bater os 80% em um único mês (março de 1990).

Inadimplência: situação em que uma pessoa ou empresa deixa de cumprir um contrato, particularmente no que se refere a prazos de pagamentos.

Inflação: aumento persistente de preços e que acaba por ocasionar perdas de poder aquisitivo para a população do País onde ocorre. É um fenômeno monetário perigoso, porque a elevação de um preço puxa a de outros, dando o pontapé inicial a uma bola de neve conhecida como hiperinflação. As causas são diversas, mas normalmente resultam ou da emissão sem lastro de moeda (quando o governo precisa de dinheiro para pagar suas dívidas sem que tenha ocorrido um aumento nas atividades econômicas), ou do reajuste no câmbio (quando o governo é obrigado a desvalorizar sua moeda em relação à outra mais forte, em geral o dólar). No Brasil há três índices básicos de inflação: o IPC (medido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo, a Fipe), o INPC (do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE) e o IGP (Índice Geral de Preços, calculado pela Fundação Getúlio Vargas).

Liquidez: é o volume de dinheiro que circula no mercado. Se a liquidez é alta, é porque há muito dinheiro circulando pelas instituições financeiras. Se ela é apertada, é porque falta dinheiro e os juros sobem. O termo também indica a rapidez com que um título, ação ou demais tipos de bem podem ser convertidos em dinheiro. Quanto mais rápida esta conversão, maior é a liquidez. O termo pode ser usado ainda para definir a capacidade de um país pagar suas dívidas.

Macroeconomia: é a parte da economia que inclui os assuntos mais gerais, como as exportações, o Produto Interno Bruto (PIB), a inflação e a dívida pública.

Microeconomia: é o lado mais "concreto" da economia, como a produção industrial e agropecuária, o consumo e a maneira como são determinados os preços de cada produto e as quantidades dos bens e serviços nesses mercados.

Moeda podre: títulos de dívida que são negociados no mercado com deságio devido à dúvida sobre a capacidade do emissor em efetuar o pagamento no vencimento.

Overnight: operações de troca de dinheiro por um dia, para resgate no primeiro dia útil seguinte. No mercado é comum usar a abreviação "over" para este tipo de operação.

Passivo: conjunto das dívidas e obrigações de uma empresa. É o oposto do ativo

Patrimônio: conjunto dos bens de uma pessoa ou empresa administrados de forma a dar lucro ou gerar renda. No caso de uma empresa, o patrimônio é a diferença entre o que a companhia tem (ativo) e suas dívidas (passivo). Se o resultado é positivo, obtém-se o patrimônio líquido. Se for negativo, o passivo é líquido.

Plano Real: programa econômico que, a partir de 1994, estabilizou a inflação brasileira que até então estava descontrolada.

Política econômica: são as medidas adotadas pelo governo para controle da economia. As políticas relativas ao orçamento, por exemplo, afetam todas as áreas da economia e constituem políticas de tipo macroeconômico; outras afetam algum setor específico, como, por exemplo, o agrícola e constituem políticas de tipo microeconômico . Estas são dirigidas a um setor, a uma indústria, a um produto ou ainda a várias áreas da atividade econômica e criam a base legal em que devem operar os diferentes mercados, evitando que a competição gere injustiças sociais.

Alguns defendem que o governo não deve interferir na economia e deixar que ela funcione por conta do próprio mercado, ou seja, as relações de compra e venda entre empresas, bancos e consumidores. Outros acreditam que o governo deve cobrir as deficiências inerentes ao mercado, ou seja, tendências a realizar cálculos com objetivos imediatos de lucro. Isto porque as necessidades de um país a longo prazo envolvem investimentos que demoram décadas para dar algum retorno, como na área de infra-estrutura. Neste caso, a política econômica deve prever e tentar eliminar as crises, além de tentar reduzir o desemprego, fomentar um rápido crescimento econômico, e assim por diante.

Política fiscal: é o controle dos impostos e dos gastos do governo com o objetivo de neutralizar as tendências que levam à depressão (uma queda muito grande da produção) e à inflação.

Política fiscal expansiva: inclui medidas como o aumento dos gastos públicos e diminuição dos impostos, estímulo ao consumo e aos investimentos, incentivos às exportações, cobrar tarifas das importações e criar outras barreiras para beneficiar a produção nacional. É usada quando há insuficiência de demanda e aumento do desemprego.

Política fiscal restritiva: inclui medidas como a diminuição dos gastos públicos, aumento dos impostos sobre os bens de consumo e aumentar as importações com objetivo de evitar inflação, ou seja, a subida dos preços quando a capacidade de produção do país é superada pela demanda.

Política Monetária: é o controle da quantidade de dinheiro em circulação no pais. Ela auxilia na definição das taxas de juros do governo.

Produto Interno Bruto: a produção de um país é medida por meio desse indicador, que leva em conta três grupos principais: Agropecuária, formada por Agricultura, Extrativa Vegetal e Pecuária; Indústria, que engloba Extrativa Mineral, Transformação, Serviços Industriais de Utilidade Pública e Construção Civil; e Serviços, que incluem Comércio, Transporte, Comunicação, Serviços da Administração Pública e outros serviços.

Proer: Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Sistema Financeiro Nacional. Criado em 1995, pelo Banco Central, para que os maiores bancos comprassem os que estavam em má situação evitando assim, uma quebra generalizada do setor bancário.

Policy Rate ou Prime Rate: é a taxa de juros mais importante da economia mundial. É aquela cobrada pelos bancos americanos de seus principais clientes para lhes conceder empréstimos.

Rentabilidade: é a taxa que indica o retorno de um investimento. Calcula-se dividindo o lucro obtido pelo valor do investimento inicial.

Spread bancário: é a diferença entre os juros que são pagos pelos bancos na captação de dinheiro e os que eles cobram nos empréstimos concedidos. No Brasil, essa taxa atinge um dos maiores valores do mundo. Em 2004, de acordo com o Banco Central, foi de 28,1 pontos percentuais.

Tarifas de serviço: tarifas cobradas pelos bancos por serviços prestados como saques em caixas eletrônicos, extratos, manutenção de contas e outros.

Taxa de investimento: as despesas do governo são classificadas de duas maneiras:

despesas de custeio e despesas de investimento. Nas despesas de custeio, estão a compra de bens de consumo, pagamento de salários dos servidores públicos, pagamento de benefícios sociais etc. As despesas de investimento são aquelas feitas na aquisição e construção de bens duradouros: estradas, escolas, hospitais e o pagamento de empréstimos. A taxa de investimento do governo é calculada com base no total das despesas com investimentos, dividida pelo total da riqueza nacional produzida em um ano: o Produto Interno Bruto - o PIB.

Taxa Selic: é a taxa básica da economia brasileira, estabelecida mensalmente pelo Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do Banco Central. Ela indica quanto o governo paga em juros pelos títulos que emite regularmente para refinanciar sua dívida. Ao calcular essa taxa, o Copom leva em consideração diversos fatores, entre eles, a previsão da inflação futura (próximos 30 dias) e as tendências momentâneas de queda ou elevação dos preços da economia (inflação passada).

As condições da economia internacional também são consideradas: se há excesso de dinheiro no mercado internacional (liquidez internacional), ou se há falta de dinheiro. O mesmo cálculo é feito no mercado interno: se há muito ou pouco dinheiro circulando (liquidez interna) e a necessidade de financiamento das contas públicas (se o governo tem pouco ou muito dinheiro em caixa para honrar suas dívidas que estarão vencendo nos próximos trinta dias, mais as despesas do dia a dia - as despesas de custeio e despesas de investimento). Selic significa Sistema Eletrônico de Liquidação e Custódia.





Fonte: Agência Brasil

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