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Quinta - 24 de Fevereiro de 2005 às 12:00
Por: Maria Liete Alves

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Conhecida de boa parte da população brasileira, uma vez que pode ser encontrada do sul do estado de São Paulo até o México, com predominância em áreas de cerrado, a planta lixeira (Curatella americana), pode ser usada como “farejador” de ouro. A descoberta é resultado de pesquisas realizadas pelo Departamento de Geologia da UFMT. O resultado parcial da pesquisa foi apresentado por André Luiz de O. S. Meira, num trabalho de monografia na semana passada.

Embora a lixeira possa ser utilizada no trabalho de prospecção de metais, a sua presença em uma área não é garantia da existência de ouro, alerta o coordenador do projeto e orientador de André, Carlos José Fernandes. O que existe de novidade na forma de detectar o metal em uma determinada região é a técnica usada. O método comumente utilizado é o de análise de solo (geoquímico).

Relativamente nova, a prospecção feita a partir de vegetais (biogeoquímica) começou a ser utilizada em países do hemisfério norte, onde a presença de neve dificulta o acesso ao solo. Segundo o professor Carlos, até este momento só existem cinco trabalhos do gênero feito em ambientes tropicais, sendo que dois são no Brasil. O primeiro deles, inclusive, foi apresentado na sua defesa de doutorado.

As pesquisas realizadas pela equipe da UFMT foram feitas na região de Porto Espiridião, no depósito Ellus, onde já tinha sido constatada a presença de ouro. Além de apresentar resultados similares, e em alguns casos ser mais eficiente, a prospecção biogeoquímica, apresenta vantagens econômicas, pelo reduzido número de pessoas envolvidas para realizar a coleta, e ambientais, uma vez que não é necessário fazer perfurações e muito menos abrir grandes crateras como acontece nos garimpo, assegura o professor.

Segundo o coordenador do projeto, a escolha da lixeira como elemento farejador repousa no fato de que a planta “tem uma distribuição muito homogênea em todo o Estado, principalmente no bioma cerrado”. Ele também informa que o teor de sílica encontrado na planta indica que “ela é uma espécie não muito evoluída”, não selecionando muito os elementos quando faz a absorção do solo, entrando o ouro como uma impureza. Na análise comparativa de 9 amostras, feita através das cinzas das plantas, a presença de ouro variou conforme o resultado obtido pelo processo geoquímico. Uma outra amostra realizada em local onde inexistia o ouro, apresentou resultado também similar.

No tratamento químico dos dados, André ressalta que 34 elementos foram analisados e “observou-se que não houve nenhuma correlação do ouro com os demais elementos analisados, sendo assim, o ouro, o único farejador de si mesmo na área do depósito Ellus”.

A pesquisa, conduzida pelo professor Carlos, é resultado de um convênio entre os cursos de Geologia da UFMT, o CNPq, que fornece as bolsas e a Fapemat (Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Mato Grosso), que é o órgão financiador. Com duração prevista de dois anos, a equipe agora está fazendo sondagens na região de Poconé –104 km de Cuiabá- para a escolha de um novo sítio de pesquisa para dar prosseguimento aos trabalhos.





Fonte: UFMT

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