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Internacional
Quarta - 16 de Fevereiro de 2005 às 17:14
Por: Cecilia Heesok Paek

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A Coréia do Norte comemorou nesta quarta-feira o aniversário de seu líder, Kim Jong-il, desafiante depois de anunciar que possui armas nucleares e desdenhosa diante dos esforços internacionais destinados a levá-la novamente ao diálogo.

As comemorações pelos 63 anos de Kim incluíram desfiles, shows e outras apresentações, cercadas por uma nova série de ameaças contra os Estados Unidos.

"Continuaremos dando prioridade ao reforço do Exército do Povo, pilar da frente militar contra o imperialismo", afirmou uma mensagem das autoridades norte-coreanas publicada no diário oficial Rodong Sinmun.

A declaração ressalta que Kim Jong-il, filho e herdeiro do falecido fundador da Coréia do Norte, Kim Il-sung, "sempre fez o possível para impulsionar as forças armadas norte-coreanas".

Esta mensagem adquire maior significado depois do anúncio oficial da Coréia do Norte, realizado na quinta-feira passada, de que já dispõe de armas atômicas.

Nesse mesmo dia, a Coréia do Norte advertiu também que se retirava por tempo indeterminado das negociações multilaterais de Pequim (das quais participava junto com Coréia do Sul, Estados Unidos, Rússia, Japão e China desde 2003) devido à "hostilidade de Washington".

Por ocasião do aniversário do líder norte-coreano, a cúpula militar e política da Coréia do Norte mostrou, em reunião realizada em Pyongyang, sua adesão a Kim Jong-il e seu compromisso de continuar lutando contra "a crescente hostilidade dos imperialistas dos Estados Unidos".

O secretário do comitê central do governante Partido dos Trabalhadores, Choe Thae-bok, acusou os Estados Unidos de buscarem o isolamento e esmagamento da Coréia do Norte mediante a crítica ao regime comunista e seus planos militares contra Pyongyang.

"Se os Estados Unidos imprudentemente optarem por uma guerra de agressão apesar das repetidas advertências, nosso exército e nosso povo mobilizarão todo seu potencial sob o comando de nosso líder e enfrentarão sem piedade os agressores até alcançar a vitória final", afirmou Choe.

Um dos comentários hoje na Coréia do Norte foi a mudança de posição da Coréia do Sul na crise nuclear, devido às reuniões mantidas em Washington ontem e na segunda-feira pelo ministro de Exteriores sul-coreano, Ban Ki-moon.

Ban voltou hoje dos Estados Unidos e a primeira coisa que disse ao descer do avião foi que a Coréia do Sul pretende reduzir a cooperação econômica com a do Norte ao nível humanitário, deixando para trás a assistência comercial e de infra-estruturas em grande escala, "até que o regime comunista diminua as preocupações que seu programa nuclear desperta".

Até ontem, a postura sul-coreana era de que o anúncio norte-coreano da posse de armas atômicas e a retirada das negociações não influiriam nas relações econômicas de Seul e Pyongyang e que, ao contrário, os incentivos empresariais poderiam atrair a Coréia do Norte ao diálogo.

Segundo os analistas, Seul pode ter cedido à maior dureza exigida por Washington e ao desânimo diante da incerteza crescente sobre o futuro do regime stalinista.

O aniversário de Kim chega justo no momento em que se retomou o interesse por sua sucessão, com todas as atenções voltadas para um de seus filhos, que poderia ocupar seu posto no poder, como ele fez em 1994 com a morte de Kim Il-sung, que governou o país mais fechado do planeta durante duas décadas.

No mês passado, vários meios de comunicação norte-coreanos mencionaram essa possibilidade e se começou a conjeturar qual dos filhos do ditador poderá chegar ao trono.

Esses rumores assinalaram que quem parece ter perdido chances para suceder Kim Jong-il é seu primogênito, Kim Jong-nam, de 33 anos. Mulherengo e freqüentador de cassinos, Kim Jong-nam foi preso em 2001 no aeroporto de Narita, em Tóquio, quando tentava entrar no Japão com um passaporte falso.

Os outros dois filhos do líder norte-coreano são Kim Jong-chul, de 23 anos, e Kim Jong-um, de cerca de 18, que parecem muito jovens para assumir o poder absoluto. Segundo Hideya Kurata, professor da Universidade Kyorin, de Tóquio, não parece provável uma rápida decisão.

O especialista destacou a necessidade de que a Coréia do Norte consiga uma conquista o suficientemente espetacular para convocar a convenção do Partido dos Trabalhadores, que não se reúne desde 1980, e anunciar o sucessor.

"Não chegou o momento. A Coréia do Norte precisa de uma vitória chamativa, talvez diplomática, que mostre um futuro mais adequado para fazer esse tipo de anúncio", disse o especialista.





Fonte: EFE

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