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Nacional
Quarta - 15 de Dezembro de 2004 às 01:30
Por: Leonel Rocha

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Brasília - O relatório da CPI do Banestado apresentado pelo relator José Mentor (PT-SP) que pede o indiciamento, pela Justiça, de 91 pessoas por crimes contra o sistema financeiro nacional, sonegação final, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e até corrupção ativa ainda será examinado pelos integrantes da CPI e precisará ser aprovado dentro da comissão para ter validade. Com o final do período legislativo terminando, o relatório poderá ser votado apenas no próximo ano.

Entre doleiros e empresários com pedidos de indiciamento estão Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central durante o governo Fernando Henrique Cardoso, e o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Mentor justificou o pedido de indiciamento de Gustavo Franco afirmando que ele autorizou pessoalmente, em 1998, o recebimento de depósitos em reais feitos por bancos estrangeiros nas agências do Banestado e de outros quatro instituições financeiras com representação em Foz do Iguaçú que enviavam o dinheiro imediatamente. Os depósitos eram convertidos em dólar e enviados a contas no exterior, inclusive em paraísos fiscais. "O ex-presidente do BC tomou a decisão política de liberar as operações em Foz do Iguaçú. Só depois a diretoria do banco deu o referendo", argumentou Mentor justificando porque o restante da diretoria do BC não foi também responsabilizada. Se o relatório for aprovado na CPI e o Ministério Público decidir pelo indiciamento de Franco, ele poderá responder à Justiça por suposto crime contra o sistema financeiro nacional, que prevê pena de 2 a 6 anos de prisão e multa. Além de Franco, o relatório pede o indiciamento do ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta. Segundo o deputado Mentor, a documentação em poder da CPI prova a sonegação de impostos e evasão fiscal praticada por Celso Pitta. O ex-prefeito chegou a ser preso pela CPI ao desacatar o presidente da comissão, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT). Pitta movimentou entre 1992 e 1994 cerca de US$ 1,5 milhão, mas não pode justificar a origem do dinheiro já que recebia apenas salário de servidor público.

O ex-presidente do Banco Araucária, Alberto Dalcanalle Neto, também teve pedido o indiciamento por Mentor por suposta sonegação fiscal e evasão de divisas pelo relatório da CPI do Banestado. Segundo análise da CPI, o Araucária foi um dos bancos que recebeu autorização de Gustavo Franco para fazer receber depósitos de bancos paraguaios em reais e transformá-los em dólares, enviando o dinheiro para contas no exterior.

Mentor também pediu o indiciamento do dono das casas Bahia, Samuel Klein, e de seu filho Michael, alegando que teriam utilizado ilegalmente a conta CC5 para enviar dinheiro ao exterior sem informar ao Banco Central e Receita Federal como manda a lei.

Principais personalidades investigadas

pela CPI do Banestado

INDICIAMENTO PEDIDO

Por crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e até corrupção ativa Gustavo Franco ex-presidente do Banco Central no governo Fernando Henrique Celso Pitta ex-prefeito de São Paulo Alberto Dalcanale Neto ex-presidente e controlador do Banco Araucária Samuel Klein e Michael Klei Empresários, donos das Casas Bahia Jayme Canet Júnior ex-governador do Paraná Aníbal Contreras ex-presidente da Beacon Hill service Corporation Dário Messer, Felice Aggio, Roberto Matalon doleiros Ariovaldo Carmignari presidente da Companhia de Saneamento do Estado de São Paulo (Sabesp) Paulo Domingos Knippel diretor econômico-financeiro da Sabesp Cristiano Roberto Tatsch presidente da Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT) Fernando Fournon Gonzales-Barcia diretor superintendente da CRT

PEDIDA A INVESTIGAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO

por suspeita de ilegalidades nas operações financeiras internacionais, como sonegação de impostos e evasão de divisas Cassio Casseb Lima ex-presidente do Banco do Brasil já no governo Lula Antônio Celso Cipriani ex-presidente da falida Transbrasil Marise Fontana Cipriani mulher de Celso e filha do fundador da Transbrasil, Omar Fontana Luiz Augusto Candiota ex-diretor do Banco Central Paulo Salim Maluf ex-governador e ex-prefeito de São Paulo João Arcanjo Ribeiro chefe do crime organizado no Mato Grosso e preso no Uruguai Ricardo Sérgio ex-diretor da área Internacional do Banco do Brasil no governo anterior

LIBERADOS PELO RELATÓRIO

Henrique Meirelles presidente do Banco Central




Fonte: Agência Estado

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