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Economia
Domingo - 05 de Dezembro de 2004 às 13:38
Por: Justina Fiori

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A ameaça da falta de liquidez no mercado agrícola brasileiro tem repercutido diretamente nas vendas de máquinas e implementos para a safra 04/05, em andamento no Estado. Mais cauteloso diante da possibilidade de contabilizar perdas de receita na lavoura, o produtor resolveu pensar mais na hora de assumir compromissos a longo prazo, como os financiamentos em bancos oficiais ou em bancos das próprias fábricas de máquinas e implementos. A redução de investimentos em tecnologia pode afetar a produtividade da lavoura.

O cenário vem se configurando desde o início do segundo semestre. As vendas de máquinas agrícolas no mercado interno somaram, em junho, 3,5 mil unidades – o que representa 3,3% a menos que em maio deste ano. Mas se usarmos como perspectiva todo o ano de 2004, os números não são de desanimar.

No primeiro semestre, o cenário que se configurava para a agricultura brasileira não era assim tão ruim e o produtor, ainda entusiasmado, foi às compras, como aconteceu durante a Agrishow Cerrado, realizada em abril, em Rondonópolis (210 quilômetros ao Sul de Cuiabá). A feira agrícola fechou com um saldo de R$ 1,4 bilhão em vendas. Foi uma verdadeira festa para fábricas e revendedoras de máquinas.

De lá para cá, o ritmo nos negócios tem diminuído bastante. A alta nos preços dos insumos e máquinas agrícolas é de 20% em média. Soma-se a perspectiva de uma super-safra de soja nos Estados Unidos e a estabilização dos preço da commoditie no mercado internacional e temos aí os principais motivos que têm levado o produtor a fazer muitas e muitas contas. A renda dos agricultores brasileiros deve cair em 2005, apesar da previsão de uma safra agrícola recorde de grãos.

Para se contrapor a isso, o produtor está reduzindo seus gastos em fertilizantes e máquinas agrícolas. Com menos tecnologia na lavoura, ele espera contar com a ajuda do clima para garantir a produtividade, mas a falta de chuva no final de novembro mostra que São Pedro não está tão disposto a colaborar.

No mês passado, algumas federações de agricultura chegaram a ensaiar um movimento de boicote à alta nos preços, que tem esgotado a margem de renda no campo. Os produtores suspenderiam todas as compras para pressionar uma negociação com os fabricantes.

O protesto dos produtores agrícolas não exclui o governo Federal, que criou há quatro anos o Moderfrota, programa de investimentos destinado à renovação do parque de máquinas nas propriedades rurais em todo o País.

Nesta safra agrícola, o programa recebeu R$ 5,5 bilhões em recursos, montante 175% superior aos R$ 2 bilhões da safra passada. Os juros continuam em 8,75% para os produtores com renda bruta anual de até 150 mil e em 12,75% ao ano para o agricultor com renda superior a esse limite. O movimento dos produtores quer reduzir as taxas de juros dos financiamentos e aumentar o número de parcelas. Como nada disso foi feito até o momento, a estratégia mais adotada é mesmo a de contenção de gastos.




Fonte: Diário de Cuiabá

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