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Economia
Quarta - 24 de Novembro de 2004 às 11:27
Por: Raquel Teixeira

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Dados do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e da Delegacia Federal de Agricultura no Estado (DFA-MT) apontam que em Mato Grosso 10,25% de fêmeas bovinas, entre 3 e 8 meses, têm brucelose, um índice que preocupa os serviços oficiais de saúde animal. Na tarde desta terça-feira (23.11), médicos veterinários e representantes de serviços oficiais de saúde animal reuniram-se em Cuiabá para apresentação das principais diretrizes do Programa Nacional de Controle e Erradicação de Brucelose e Tuberculose, do Ministério da Agricultura, e estratégias a serem desenvolvidas no Estado para controle e erradicação da doença.

O coordenador da divisão de Sanidade Animal da DFA, Plínio Lopes, apontou a dificuldade de acesso dos pequenos produtores aos serviços veterinários e a baixa oferta desses serviços em determinadas regiões como os principais empecilhos para a erradicação da doença. Para que a propriedade rural seja considerada livre de brucelose, o produtor deve manter a vacinação, que em Mato Grosso tornou-se obrigatória desde agosto de 2003, testar periodicamente o rebanho, manter os animais suspeitos em quarentena e, confirmada a doença, isolar, sacrificar e destruir o animal sempre sob acompanhamento do serviço sanitário oficial.

Os testes para confirmação da doença obedecem quatro fases, sendo uma de triagem, um confirmatório, um de referência e outro para trânsito interestadual dos animais. “Em dois testes realizados com resultados inconclusivos, o animal é considerado positivo”, explicou Plínio, afirmando ainda.”A prevalência da brucelose é maior nas regiões em que há gado de corte. É um desafio muito grande que temos pela frente para diminuir esse índice”, afirmou.

Em Mato Grosso, Plínio Lopes ressaltou que a fiscalização dos médicos veterinários habilitados a trabalhar no controle da doença e o baixo número de sacrifício dos animais infectados ainda contribuem para a baixa redução no índice de brucelose.

A resolução 3.207 do Banco Central autorizou o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a liberar R$ 30 milhões em empréstimo a produtores para reposição de matrizes que tenham sido sacrificados. Para que o produtor possa beneficiar-se do empréstimo, ele deve aderir à certificação para controle da doença e ter registro técnico no PNCEBT. Cada produtor pode emprestar até R$ 75 mil, com juros de 8,75% e cinco anos para liquidação e dois anos de carência.

CAPACITAÇÃO – Com o objetivo de uniformizar as ações de controle e erradicação da brucelose, médicos veterinários estão sendo capacitados e habilitados em todo o país por meio de cursos teóricos e práticos. De acordo com Lopes, os cursos devem ser ministrados por instituições oficiais e nivelados e reconhecidos pelo Mapa. Outra ação destacada por Plínio é a preparação dos trabalhos de erradicação da doença em conformidade e integração com os serviços oficiais de defesa animal. Em todo o País 388 médicos veterinários oficiais já foram treinados e outros 1.752 autônomos passaram pela capacitação. Em Mato Grosso, apenas uma instituição, a Universidade Federal de Mato Grosso, está habilitada a ministrar curso na área, e 203 veterinários já foram capacitados, sendo 27 de serviços oficiais e 176 de empresas privadas.

EXPECTATIVA – Com a intensificação das ações de controle e erradicação da doença, a expectativa, de acordo com o presidente do Indea, Décio Coutinho, é que Mato Grosso possa aumentar em breve os resultados, diminuindo os índices de brucelose, uma vez que 41,19% de propriedades no Estado apresentam animais positivos para a doença. “O que devemos ter em mente é que os serviços sanitários e demais entidades do segmento tem que trabalhar integrados, em conjunto, ordenando e elevando o controle”, destacou.

Ordenar a vacinação é outro objetivo essencial apontado por Décio, uma vez que muitos produtores a fazem de forma aleatória, sem comunicação ao serviço oficial. A vacinação deve obrigatoriamente ser realizada duas vezes ao ano, em fêmeas de 3 a 8 meses, devendo ser comprovada até 30 de junho no primeiro semestre e até 31 de dezembro no segundo semestre.

De acordo com os serviços oficiais de defesa sanitária animal não há um índice aceitável da doença. “O crescimento da pecuária em nosso Estado não dá o direito de aceitar níveis de doença como os apontados e a certificação de propriedade livre só vem acrescentar mais valor aos animais”, ressaltou Coutinho.

A maior dificuldade é atingir as pequenas propriedades no Estado –Mato Grosso tem 46% de propriedades com até 50 cabeças, ou 42.464 –, pois o pequeno produtor, na maioria das vezes, não dispõe de um médico veterinário a serviço da propriedade. Desta forma, o Indea irá assumir o controle da vacinação nas propriedades que se encaixam nesse perfil, sendo o produtor responsável somente por adquirir a vacina.




Fonte: A Gazeta

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