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Terça - 16 de Novembro de 2004 às 08:54
Por: MARIA ANGÉLICA OLIVEIRA

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Um dos principais fatores é o avanço da aviação agrícola, responsável por 16 das 21 ocorrências do ano.

De janeiro até hoje, Mato Grosso registrou 21 acidentes aéreos. Em 2003, foram 25. Dentre os estados atendidos pelo Serviço Regional de Aviação Civil (Serac) 6 do Ministério da Aeronáutica, Mato Grosso é o campeão nas estatísticas.

O Serac 6 atende Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Tocantins e Mato Grosso. A atribuição do setor é com ocorrências que envolvam aeronaves de pequeno porte, com capacidade máxima de nove passageiros. Esse ano, o departamento contabilizou 36 acidentes. Dezessete pessoas morreram. Onze delas em território mato-grossense. No ano passado, houve 46 acidentes na região do Serac 6.

Segundo o chefe da Seção de Investigação da Aeronáutica, major Sérgio Alexandre Rau, as estatísticas do Ministério acompanham o crescimento da aviação em Mato Grosso.

“O volume de tráfego aéreo é maior em função da aviação agrícola e de pequeno porte. Elas têm crescido em função até da dificuldade de deslocamento”, explica.

Para se ter uma idéia do crescimento, aqui no Estado existem 428 pistas particulares registradas no Departamento de Aviação Civil (DAC). Em Mato Grosso do Sul são 357 e em Goiás, apenas 94. Conforme explicou o major, a regra da proporcionalidade eleva o número de acidentes. Das 21 ocorrências registradas em Mato Grosso, 16 foram em aviões agrícolas.

Não se trata apenas de mera tendência. Diversos fatores contribuem para que essa área ofereça mais riscos. “Na aviação agrícola, o pessoal trabalha muito mais nos quatro meses de safra. É muito cansativo. Eles (pilotos) têm que voar o máximo que der para combater as pragas”, afirma.

Há excessos. “Imagine o piloto voando dez a 12 horas por dia, sete dias por semana. Às vezes, por cansaço, ele acaba se envolvendo em um acidente”. A legislação do setor estabelece que os pilotos devem voar no máximo 100 horas por mês. “Temos informações de que, nessa época de safra, os pilotos de Mato Grosso voam praticamente o dobro”, disse.

A preocupação com o estado físico do piloto não é exagerada. Cerca de 90% dos acidentes acontecem por falha humana - seja ela por uma manobra mal feita ou por desleixo na manutenção do avião. Por isso, o DAC exige inspeção de saúde dos pilotos e um vôo de testes anualmente.

Além disso, o vôo em um avião agrícola é considerado mais perigoso porque a aeronave tem que ficar mais próxima do solo. Esse tipo de avião não possui equipamentos como rádio e radar. As regras da Aeronáutica determinam que os aviões devem passar por inspeções em oficinas homologadas pelo DAC a cada 50 horas de vôo. “Na aviação agrícola, às vezes prorrogam e voam até 60 horas”.

Em alguns casos, a pressão do mercado contribui para agravar a situação. “Às vezes há pouco vôo, o piloto precisa voar”, admitiu um piloto que não quis se identificar.

Segundo o major, é grande o número de pilotos particulares que transportam passageiros. A atividade é ilegal. O transporte aéreo remunerado é permitido apenas para as empresas de táxi-aéreo. “A pessoa quer pagar mais barato e pega um serviço clandestino. É até uma concorrência desleal porque o particular oferece mais barato e o táxi-aéreo não, porque é muito mais cobrado e fiscalizado”, conta.




Fonte: Diário de Cuiabá

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