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Agronegócios
Sexta - 12 de Novembro de 2004 às 09:56

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O desequilíbrio entre receita e despesa para esta safra de soja em Mato Grosso é de R$ 1,5 bilhão, cerca de 8,5% do prejuízo de R$ 17,5 bilhões que o sojicultores brasileiros contabilizarão em 2005. Pelo plantio de cada hectare estadual, o produtor, em função da alta de cerca de 30% no valor dos insumos, vai estar desembolsando US$ 98, diferença entre preços de comercialização e custo de produção (fixos e variáveis).

A nova conta foi apresentada ontem, durante reunião conjunta das Comissões Nacionais de Crédito Rural e de Cereais, Fibras e Oleaginosas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Em pauta, além da contextualização do momento ruim das commodities no mercado mundial, o encontro objetivou a adoção de medidas, a serem tomadas pelo governo Federal, que possam prevenir uma possível inadimplência no setor, a partir de março e abril do próximo, quando os compromissos começam a vencer.

O Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (Imea) contabilizou a necessidade de investimentos totais em US$ 566,07 para cada hectare (ha) plantando, levando em consideração os custos fixos (remuneração da terra) e variáveis (insumos). Somente estes últimos, demandam US$ 467,13. Os valores de mercado atuais empatam receita e despesa se apenas forem considerados o custeio (US$ 467,13).

Já o custo total de produção revela a necessidade de um desembolso de US$ 98 de cada produtor para cada ha plantado, que é a diferença entre os US$ 566,07 e os US$ 467,13. Os US$ 98 multiplicados por 5,7 milhões/ha, área estimada para soja, totaliza US$ 558 milhões/há, ou, R$ 1,5 bilhão, adotando o fechamento do dólar de ontem a R$ 2,81.

O secretário de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso e presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado (Famato), Homero Pereira, confirmou a projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de que a área plantada na safra 04/05, totalize cerca de 600 mil/ha. "Um volume de incorporação menor, visto a média de 800 mil a um milhão que vínhamos incrementando a cada safra. A redução só não será menor, porque quando o ano safra sinalizou ser ruim, os agricultores já tinham se preparado".

Diante da exposição, a primeira a congregar produtores de vários estados brasileiros, Pereira solicitou ao representante do Ministério da Agricultura, o secretário Nacional de Política Agrícola, Ivan Wedekin, a prorrogação das parcelas anuais dos contratos de investimentos (financiamentos adquiridos, por exemplo, para armazenagem, maquinários, calagem e pastagens), a longo prazo. Que o vencimento de 2005 seja adiado para o final do contrato de maneira automática e mantendo as mesmas taxas de juros. Outra reivindicação é a aprovação dos transgênicos e a liberação da importação de produtos agroquímicos genéricos. "Que teriam impacto imediato sobre a redução dos custo de produção, pois alguns princípios ativos e até produtos de marca comercializados aqui no Brasil, têm redução no valor de venda de até 50%", argumenta Pereira. Também foram cobrados investimentos urgentes na logística de escoamento de grãos, carnes e fibras, disponibilização de recursos para comercialização, como EGFs e contratos de opção.

"Tem de haver um tratamento especial e urgente na logística brasileira, principalmente estradas e portos, nestes últimos, a incidência de prêmios negativos sobre as commodities, já com preços desmotivadores, impactam no custo final do produtor e tiram a competitividade e eficiência que a produção nacional tem da porteira para dentro", frisa Pereira.

Brasil - De maneira macro, o presidente da Comissão de Cereais, Fibras e Oleaginosas da CNA e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), Macel Caixeta, explica que o custo da produção de soja em todo o País será de R$ 33,1 bilhões para uma receita de R$ 25,2 bilhões. Na previsão do milho 1ª safra, os números são insustentáveis, projeta-se custo de R$ 15,5 bilhões e receita de R$ 8,2 bilhões. No comparativo apresentado por ele, somente as culturas de arroz e algodão, sinalizam um pequena rentabilidade. Para o plantio do cereal de terras altas (sequeiro), serão necessários R$ 4,9 bilhões para receita de R$ 6,4 bilhões. A fibra requer investimentos de R$ 3,3 bilhões e renda de R$ 4,1 bilhões.




Fonte: Diário de Cuiabá

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