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Economia
Sexta - 29 de Outubro de 2004 às 08:11
Por: Paulo Maciel

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São Paulo - O economista da Fundação Getúlio Vargas, William Eid, espera que, devido à defasagem existente no preço dos derivados de petróleo, haverá um novo reajuste nos preços dos produtos no mês de novembro. "Ela (a Petrobras) vai ter de reajustar, sim", afirmou ele durante entrevista ao programa Conta Corrente, da Globo News. "De acordo com política pela qual ela é regida, a gente pode esperar alguma coisa em torno de 5% (de aumento), agora para novembro ou no começo de dezembro. O que é muito alto, se a gente olhar que o último reajuste foi por volta de 2%."

O professor acredita que a estatal vai reajustar os preços, mesmo considerando que os seus custos internos, por serem em reais, não precisem necessariamente refletir os cerca de US$ 50 cobrados pelo barril no exterior. Ele comentou ainda o imbróglio envolvendo a Petrobras e o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sobre o preço dos combustíveis e seu impacto na inflação.

Em nota, a estatal queixou-se de interferência do banco em área que não é da sua competência ao citar o preço dos combustíveis na última ata do Copom. "Essa briga é meio inútil, eu acho que não precisaria vir a público esse tipo de nota", opinou o economista. "O silêncio nessa hora seria mais produtivo para o País."

Governo expansionista

William Eid reconheceu que o Banco Central tem uma tarefa das mais difíceis para conter a inflação dentro de um governo que sempre necessita de mais recursos. "Eles (o Copom) não são reféns do mercado, como muita gente diz", ressalvou o professor. "Na verdade, eles têm um problema, que é a contenção da inflação num governo expansionista", prosseguiu. O economista explicou que essa característica não é uma exclusividade deste governo, uma vez que os governos brasileiros têm sido sempre expansionistas, seja por vontade própria, ou por decisão jurídica. "Eles acabam tendo de controlar a inflação, em função muito mais de ações do governo e da Justiça."

Fiel da balança

O professor também comentou a decisão do governo chinês de elevar a taxa de juros em 0,27 ponto porcentual, para 5,58%. Esse aumento acabou derrubando as ações das empresas petrolíferas, mineradoras e siderúrgicas, em função da perspectiva de uma redução do crescimento chinês. "Eles (os chineses e também os indianos) hoje são o fiel da balança no mundo com o seu crescimento descomunal", salientou. Ele lembrou que a ainda incipiente recuperação do Japão, por exemplo, também depende da China. "Não há dúvida de que, se houver uma redução (do crescimento chinês), nós vamos sofrer bastante", previu. "E, como nós somos muito vulneráveis, é para nos preocuparmos muito com isso."




Fonte: Agência Estado

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