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Economia
Sexta - 22 de Outubro de 2004 às 18:32

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A British Broadcasting Communication (BBC), na Grã-Bretanha, é considerada modelo de rede pública de comunicação em todo o mundo. A BBC tem um orçamento anual equivalente a R$ 12,4 bilhões – no ano passado, o faturamento da Rede Globo, maior empresa de comunicações do Brasil, foi de R$ 3,6 bilhões –, baseado em taxa cobrada dos cidadãos que possuem televisores em casa. A independência financeira e a editorial são dois diferenciais da BBC.

“É uma renda muito alta, que dá à BBC uma independência grande, tanto em relação à propaganda, já que ela não recebe nenhum tostão e não apresenta nenhum comercial, portanto não tem propaganda, e também em relação ao Estado, já que ela não recebe nenhum dinheiro do tesouro”, destaca Laurindo Lalo Leal Filho, professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

Ele salienta que, como é o telespectador que mantém a BBC, o compromisso da rede é com o público. “É isso que explica as crises que geralmente acontecem entre a BBC e o governo, a mais recente em ralação à invasão do Iraque, em que ela se colocou numa posição de independência, embora o país, a Inglaterra, estivesse envolvido no conflito”, lembra o professor. Segundo ele, a BBC é vista como prestadora de serviço, o que dá ao telespectador o direito de cobrá-lo.

Há cerca de um ano, o vice-diretor do Serviço Internacional da organização, Nigel Chapman, esteve no Brasil. Na ocasião, ele afirmou à Agência Brasil que o grande diferencial da BBC é não ter que seguir a lógica imposta pelo mercado. “A informação é tratada como bem público e não como produto. Somos independentes, porque somos públicos. E isso não significa que somos governamentais. Buscamos, portanto, a informação exata, imparcial e justa”, afirmou.

Para o professor Laurindo Leal, o sistema da BBC é o modelo mais bem acabado de televisão pública existente em todo o mundo. “Mas não acho que possa ser transferido automaticamente, mecanicamente para o Brasil, porque as condições aqui são diferentes, a distribuição de renda é muito perversa. As pessoas não podem nem pagar conta de água, de luz, como vão pagar por um serviço de televisão? Então, aqui nós temos que ser criativos e exigir do Estado que ele mantenha televisão pública, mas que dê a ela independência”, defendeu.




Fonte: Agência Brasil

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